16 dezembro 2005

Não deve haver 50%

Your Brain is 60.00% Female, 40.00% Male

Your brain is a healthy mix of male and female
You are both sensitive and savvy
Rational and reasonable, you tend to keep level headed
But you also tend to wear your heart on your sleeve

What Gender Is Your Brain?

15 dezembro 2005

Presidenciais no estrangeiro - informação

Nestas Presidenciais, os portugueses deslocados no estrangeiro temporariamente vão poder votar por correspondência nos consulados. Até agora só podiam votar os residentes, e para se tornar residente é preciso mudar o BI, o cartão de eleitor, ter provas de residência fixa, etc... Mas agora já não é assim, pelo menos nas Presidenciais.

Basta dirigirmo-nos ao Consulado mais próximo com o BI, o cartão de eleitor, e uma declaração de uma entidade que justifique a deslocação (a instituição que financia a bolsa no caso dos bolseiros, por exemplo).

A votação vai decorrer nos dias 10, 11 e 12 de Janeiro (segundo uma informação hesitante da senhora do Consulado cá do burgo).

Confirmem junto dos consulados do local onde se encontrem.
E votem! De preferência bem, mas sobretudo, votem!

Estereótipos





Your Brain is 40.00% Female, 60.00% Male



You have a total boy brain

Logical and detailed, you tend to look at the facts

And while your emotions do sway you sometimes...

You never like to get feelings too involved




E é assim que uma pessoa chega aos trinta anos e descobre que afinal é homem!

Tudo isto porque quem faz os testes não sabe que uma conversa suficientemente longa dá para falar da vida própria, da vida alheia e da política, e obriga-nos a escolher uma só hipótese!
Sim, onde é que já se viu uma tipa que lê o jornal em vez da Vogue?

Esta coisa dos estereótipos é tão absurda...

Abusos

Hoje face a um crime daqueles de natureza inexplicável os media divulgavam o nome completo da vítima bebé. A vítima não podia ser mais vulnerável. Não bastava o crime e as suas ainda imprevisíveis consequências temos ainda a devassa tablóide a violar os elementares direitos de uma pessoa. Catarina, Joana, Manuel, Antónia, Fátima, é uma coisa. O nome completo é outra bem diferente, com todas as implicações imagináveis no crescimento e futura vida desta bebé. Inacreditável a preocupação dos jornalistas em saber se às autoridades competentes é imputável responsabilidade enquanto da sua não cumprem a mais elementar.

13 dezembro 2005

Reacção a quente:

Ora aqui está um homem sem papas na língua! Muito bem!
A verdade é para ser dita assim.


O Xô Silva nem com o modelo de "debate" imposto por ele próprio se safa! A única coisa que se aprende com ele é que a D. Maria passa a vida a rir-se lá em casa... Como disse o Jerónimo de Sousa, uma nódoa. E como diria a Ana Drago, venha a benzina!

Assassinado

O sistema judicial americano e os seus actores assassinaram hoje mais um homem. Apesar de todos os esforços de milhares de pessoas, o governador exterminador não aceitou comutar a pena de Tookie, que morreu hoje barbaramente assassinado com uma injecção letal.

Sem culpa formada, sem julgamento justo, apesar de provas de inocência apresentadas. Com um texto que tem como base o testemunho de um outro condenado (que com a acusação teve a sua pena reduzida), Schwarzennegger recusou o pedido de clemência. Chega mesmo a dizer o assassino que, dado que a violência dos gangs continua, o trabalho de Tookie não resulta e não há portanto motivo para o manter vivo.

Não há provas de que Tookie tenha alguma vez morto alguém. Não sabemos se era assassino, mas sabemos do seu trabalho pela Paz.
Quanto a Schwarzennegger, não há qualquer dúvida de que é um assassino, a prova foi redigida pela sua própria mão quando mandou executar a pena de morte.

Na prisão onde Tookie foi executado estão 651 homens à espera de morrer.
Um Estado carniceiro não pode reivindicar Democracia!

12 dezembro 2005

SALVAR O TOOKIE!

Volto a publicar este post hoje, último dia para salvar o Tookie.
Amanhã saberemos se há na Califórnia um exterminador implacável ou um governador.
As provas de inocência parecem multiplicar-se e continuam a aparecer.

O actor/governador Schwarzennegger condenou o Tookie à morte. Aprovou a sentença e até agora não lhe deu o indulto.

E este Homem, desde que foi preso e deixou a vida do gang, tem lutado para acabar com os gangs americanos, para levar esses miúdos para outra vida. Chegou já a ser nomeado para o Nobel da Paz. E está para morrer pelas mãos do facínora Schwarzennegger, num país cujas leis são criminosas.

Mais uma vez, o que parece é que têm medo, pavor dessa gente que se entrega a causas, à Paz, à Humanidade.

Vão assinar. Todos.
Vão mesmo! São 5 minutos!

09 dezembro 2005

Imigração no debate

Espera lá, já não sei quem é aquele tipo do debate. Então o Le Pen já fala português? O Cavaco aprendeu a fazer tradução dos discursos do Le Pen de francês para português?

"Os portugueses arriscam-se a ficar em minoria"?
Ora aqui está o fascismo expresso e declarado. O tipo está a apelar à animalidade e à desumanidade. E este será o retrato do país que votar nele. Como o retrato da França de 21 de Abril de 2002.

Ora toma, que já levaste!

"Quero dizer-lhe directamente porque é assim que devemos falar"

Francisco Louçã, 9 Dez. 2005
Debate Presidenciais, TVI

E ainda agora começou! É assim mesmo que se faz quando o modelo de debate foi ditado por um candidato (CS) contra a opinião expressa outros 2 candidatos (pelo menos até ao momento).

Porque debate é debate!

08 dezembro 2005

Salvar o Tookie!

Parece um filme, mas é a dura realidade.

O actor/governador Schwarzennegger condenou o Tookie à morte. Aprovou a sentença e até agora não lhe deu o indulto.

Nem seria preciso discutir se é culpado ou não. Pura e simplesmente não se mata um homem. Mas ainda por cima, neste caso não parecem haver provas conclusivas de que seja culpado. Claro que bem à americana, primeiro morre (até porque é negro) e depois logo se vê.

E este Homem, desde que foi preso e deixou a vida do gang, tem lutado para acabar com os gangs americanos, para levar esses miúdos para outra vida. Chegou já a ser nomeado para o Nobel da Paz. E está para morrer pelas mãos do facínora Schwarzennegger, num país cujas leis são criminosas.

Mais uma vez, o que parece é que têm medo, pavor dessa gente que se entrega a causas, à Paz, à Humanidade.

Vão assinar. Todos.
Vão mesmo! São 5 minutos!

Uma pequena(?) vitória

Hoje o Sarko teve anular uma viagem às províncias ultramarinas (esta expressão não vos põe a tremelicar?) francesas.
E já dizia "a outra senhora": "Não, já não são colónias. Deixámo-nos disso, já não somos colonialistas. São províncias ultramarinas".

Bom, prosseguindo. As manifestações e os protestos anunciados eram tantos, que ele teve que ficar em casa! Só o facto de terem conseguido obrigá-lo a mudar a agenda e mostrar a humilhação a todo o país, já é uma vitória!

Em questão está uma lei aprovada em Fevereiro, segundo a qual são retirados dos manuais escolares de toda a República (ultramar incluído) todas as referências negativas ao período esclavagista e colonialista. Ou seja, inventaram umas vantagens para lá pespegarem, como a mestiçagem, a integração de culturas diferentes (cof, cof), e pronto, a partir de agora, para todos os francesinhos das escolas, a França é o paraíso na Terra e nunca cometeu crimes!

Claro que isto foi mal aceite na metrópole; mas nas próprias colónias, nas terras onde perdura a memória (não tão longínqua) da escravatura, está-se a ver, não é?

Ainda a propósito, esta carta aberta de dois escritores da Martinica ao dito cujo vale a pena ser lida.


Sarkozy t'as oublié, tes parents sont étrangers.

Uau, que orgulho!

Um banco português numa série americana!

Para estes meninos esta acusação deve ser humilhante. Sim, para quem já colaborou a sério com os nazis, esta coisa dos grupos terroristas deve ser uma brincadeira de crianças!

O mais estranho é vermos como esta gente continua a operar impunemente, sob a capa de uma instituição financeira "normal"! Como é que gentalha desta está à solta mais os seus carrões e palácios pagos com sangue?


02 dezembro 2005

Sobre a conversa neste momento na RTP:

resta-nos esperar que lhe aconteça o que deseja aos outros.

(«Como nos vamos livrar dos funcionários públicos? Reformá-los não resolve, porque deixam de descontar para a Caixa Geral de Aposentações e diminuem as receitas de IRS. Só resta esperar que acabem por morrer…» Cavaco Silva, Lusa, 28 de Fevereiro de 2002)


Eu sei, não é propriamente o desabafo mais aceitável. Mas caramba! Só não se sente quem não é filho de boa gente, e eu sou filha de uma funcionária pública!

Além disso, um PR é presidente de TODOS os portugueses! Não é posto compatível com o desejo de que uma boa parte deles morra.

Um dia atrasado

Eu não tinha pensado fazer um post sobre a Independência. Mas depois de ter dado a minha voltinha bloguística de ontem, percebi que vai ter que ser. É que tanta espanholice aguda já irrita! Será que as pessoas não pensam no que escrevem, não medem as consequências?

O texto começou como uma resposta a estes rapazes, e tendo crescido muito, decidi publicá-lo cá em casa.

Muitas pessoas olham para Madrid, vêem riqueza e prosperidade, e acham que Lisboa seria, em caso de dependência, uma nova Madrid.

Isso é só falta de capacidade de entendimento e julgamento. Basta ver como lutam ainda hoje os bascos por uma coisa tão simples como falar a sua língua! Parece que as pessoas não se dão conta do que seria ter que dispensar dias, meses, anos da sua vida a lutar para poder falar português (que seria votado ao estatuto de dialectozeco, não esquecer...).

Mais, vale a pena olhar para algumas cidades, nomeadamente no país Basco e na Galiza. São pobres; estão cuidadas, mas apenas dentro das possibilidades. A população, nas ruas, tem um aspecto pobre; raras pessoas andam cheias de sacos de compras das grandes lojas como se vê em Madrid.

E depois, ainda nos sujeitaríamos ao que aconteceu na Galiza quando foi o desastre do Prestige, cada vez que precisássemos do governo central. Durante semanas, já com observadores internacionais nas praias a ver o crude, a filmá-lo e transmiti-lo para o Mundo, o sr. Aznar continuou a dizer que era tudo imaginação e que não desbloqueava nem um cêntimo.

Estes seriam os retratos de Portugal se pertencesse a Espanha. Eles capital já têm e não consta que pudessem ter duas. Lisboa seria apenas mais uma cidadezinha de província, e o resto do país seria a província da cidade provincial.

Portugal está mal, está pobre, mal gerido. Mas a culpa é nossa, dos eleitores e dos cidadãos, tanto quanto o remédio está nas nossas mãos. Em Espanha, os nossos votos contariam 1/5 do total. O futuro do país nunca dependeria de nós. Independentes, somos donos do nosso destino.
Não vale de nada queixarem-se que o país vai de mal a pior, se os eleitores continuam a não votar, ou votar para o manter exactamente nessa rota.
E pertencer a Espanha (ou a qualquer outro país) não seria solução, enquanto as pessoas não perceberem que as eleições fazem parte da cidadania (e até isso parece ser difícil de entender...), mas principalmente, que um cidadão é muito mais do que um eleitor.

01 dezembro 2005

Congratulations, Mr. Bochmann!!!


O professor Christopher Bochmann vai ser hoje condecorado pela Rainha Isabel II.

Trata-se do compositor e professor da Escola Superior de Música de Lisboa (e antigo director), maestro, mas sobretudo do sábio e pedagogo.

Só de me lembrar, ainda fico impressionada com as aulas de composição dele. Era capaz de me recomendar a consulta de qualquer partitura da biblioteca, com o número de compasso e a página, de cor! E se houvesse piano por perto tocava a passagem que fosse preciso também de cor!

Como viveu em vários países de culturas muito diferentes, é uma pessoa de cultura vasta e espírito muito aberto. É assim uma mistura entre rigor inglês e improviso português. Acho que não deve haver nenhum aluno de composição da ESML que não tenha uma história engraçada passada numa aula dele.

Eu e muitos dos meus colegas estamos espalhados pelo Mundo em diversas escolas; viemos todos da ESML, onde tivemos uma preparação de alto nível graças aos professores que tivemos, entre os quais o Professor Bochmann.

Este é o lado humano. O currículo formal está espalhado pela internet: aqui, por exemplo.

E agora, passamos a tratá-lo por Sir?

30 novembro 2005

De que é que têm medo, afinal?

Acho que já disse algo relacionado com isto há pouco tempo, num post sobre o Luís Sepúlveda.

Dou o exemplo do Che, porque o mataram por medo. Ou melhor, pavor. E ainda hoje, os sucessivos governos da economia e da guerra matam gente boa por todo o mundo. Mas de que têm tanto medo, afinal?

Será do Amor, da ternura?

Ou do sorriso aberto e com franqueza, de um homem lutador, determinado, certo da sua razão, e (talvez por isso mesmo) de olhar feliz?

E se de repente me aparecer um polícia à frente?

Desde que ouvi as notícias desta manhã que ando cá com uma dúvida. A polícia tem agora autorização para andar nos transportes a identificar cada um (além dos brutamontes que nos controlam os bilhetes). Ora eu tenho o direito de não andar a ser vigiada e de não ter que dar satisfações à polícia sobre a que horas estou em que linha de Metro, e mais as perguntas que se acrescentam nestas coisas: que está cá a fazer, como se sustenta, que faz na vida. É que não me apetece andar a mostrar o meu BI e a contar a minha vidinha a cada palerma fardado que me aparece pela frente! Que raio pode uma pessoa dizer numa situação dessas?

Mãe, pai... não tarda muito vou eu também

O Sarko andou aí uns dias distraído. Deve ter ido visitar a família à Hungria (que é no estrangeiro, por acaso). Já de volta saiu-se hoje com mais umas quantas medidas das do costume, e como tirou férias, hoje foi em catadupa! Nem vou falar de todas em separado, não vale a pena repetir disparates. Quem quiser saber mais, aqui está o link (um dos possíveis).

Com tanta medida para expulsar os estrangeiros, ou até impedindo-os de vir quando ainda estão no país de origem (o que quer dizer que vai actuar como autoridade em país estrangeiro - mais um "copy-paste" do Patriot Act dos EUA), tenho cá a impressão que se ele continua a produzir leis destas a esta velocidade, não tardará muito a expulsar-me a mim também.
Será que é seguro ir passar o Natal a casa?

Aumenta o racismo dos franceses, mas ainda por cima, aumenta também a concorrência (que neste caso se traduz em racismo) entre os próprios imigrantes, na discussão de quem tem "a migalha maior", quem tem a menos má das oportunidades para cá ficar.

Não podemos esquecer a memória/ história deste tipo: os pais, judeus húngaros, têm uma história de esconderijos durante o III Reich, fuga à invasão de Estaline. Deixaram um castelo na Hungria e chegaram a França como refugiados. Foram aceites, acolhidos, integrados. Tiveram trabalho, formação, "direito de solo" para os filhos. Conseguiram restabelecer a posição social que tinham tido na Hungria. Instalaram-se em Neuilly, nos arredores de Paris, um dos bairros mais ricos e chiques da Europa, porque foram aceites, porque foram integrados, porque foram respeitados os direitos ao trabalho, à nacionalidade, os direitos de refugiados.


Sarkozy t'as oublié, tes parents sont étrangers!

26 novembro 2005

Quem se lembra das fantásticas montras de Natal?

Nos armazéns do Chiado e do Grandela, lembram-se dos bonecos, dos cenários em que tudo mexia?
Em Lisboa nunca mais voltou a haver nada de semelhante depois de 1988. Em Paris, há as montras do Printemps e do Lafayette. Têm mais tecnologia, mas não são necessariamente mais bonitas. Este ano são assim:


Every cloud has a silver lining

Que é como quem diz, até este frio gélido tem um lado bom: a neve e os jardins branquinhos.


Reconheço que as crianças é que não devem estar nada contentes. Como a camada de neve é muito fina, torna-se gelo rapidamente, o que torna o piso muitíssimo escorregadio e perigoso. Portanto, este parque infantil na fotografia (e imagino que os outros) está muito bonito, mas fechado.

Eu é que ainda fico embasbacada cada vez que neva. Até ao ano passado, tinha visto neves glaciares nalgumas serras (ou sasonais no caso da Estrela), mas nunca tinha visto neve na cidade, e nunca tinha visto nevar.

25 novembro 2005

"Mariazinha fui em Marta me tornei"


"Vou daquilo que fui
pràquilo que serei"
......

"Meus olhos cansados
abrem-se espantados
prà vida de que me falavas
pra combater contra os donos de escravas
meus olhos verdes que te vão falar
e que tu vais ouvir

Mariazinha fui
em Marta me tornei
Vou daquilo que fui
pràquilo que serei"

25 de Novembro

Hoje, logo hoje, encontrei pela primeira vez desde que estou em Paris cravos vermelhos à venda. Encolhidos. Do frio e da neve, pensei eu. Mas depois lembrei-me... não, não é só da neve.

Há trinta anos "murcharam a nossa festa", o "mês de Novembro vingou-se". Não suportou a "esperança à solta", os "hinos feitos de alegria e de paixão", e nesse dia "foi um sonho lindo que acabou". Passou a haver "mentira e raiva a andar à solta".

Espero que o José Mário Branco tenha mais uma vez razão, que este sonho seja ainda para viver "quando toda a gente assim quiser", e que, como diz o Chico Buarque, tenham mesmo esquecido "uma semente nalgum canto de jardim". E enquanto esse dia não chega, "guardo renitente" cravos para mim, mas estão frescos, viçosos e muito vermelhos!


21 novembro 2005

Pivot

Sou só eu que acho obsceno que José Rodrigues dos Santos nos pisque o olho no fim do Telejornal?

17 novembro 2005

Tragicomédia à la française (de segunda geração)

Se a censura não fosse um caso sério, esta era de rir "a bandeiras despregadas".

A sra. Cecília Sarkozy, ex-mulher do ministro Sarko em processo de divórcio, ía ver publicado um livro sobre ela e a relação com o ex-marido.
O ex-marido não gostou desta coisa da liberdade de expressão e proibiu a edição. Mas como legalmente não o pode fazer, usou a ameaça chantagista com o editor do livro.

Pode até parecer um caso de família. Mas não é, por diversas razões. A censura de um livro é um assunto público, seja lá que livro fôr. O dito cujo é ministro, e foi esta sua posição que permitiu a censura. E o que um ministro faz enquanto ministro, é assunto público. E porque a violência familiar, física ou psicológica, é crime público.


E para rematar, a partir de hoje os meus posts sobre este assunto têm uma frase final, que é uma das que mais se ouviu no Bd. St. Michel ontem ao fim da tarde (versão soft, a outra seria descer ao nível dele):

Sarkozy t'as oublié, tes parents sont étrangers!

16 novembro 2005

A gente a pensar que eles estavam a mentir...

...e afinal sempre havia armas de destruição maciça no Iraque.

Conseguiram ser piores do que o pior que pudesse imaginar. Sempre quis crer que eles iam levar armas para as "plantar" e "descobrir" como grandes troféus da sua "verdade suprema". Nunca pensei que as usassem mesmo, nas barbas do Mundo inteiro.

15 novembro 2005

Pérolas

De um tipo que não se pode "dar ao luxo" de perder as Presidenciais de 2007, porque nesse caso, com as eleições vai também a imunidade. Sem imunidade, lá tem a tal da "République" e as tais "règles" à perna.

Do discurso de hoje:

"La justice est saisie : elle fera toute la lumière, elle sera sans faiblesse."
Isto é, para quem não tem imunidade...

"Ceux qui s'attaquent aux biens et aux personnes doivent savoir qu'en République on ne viole pas la loi sans être appréhendé, poursuivi et sanctionné."
Lá está a tal da "République"...

"Quand on appartient à notre communauté nationale, on en respecte les règles."
E quando somos presidentes dessa comunidade, como é?


"L'autorité parentale est capitale. Les familles doivent prendre toute leur responsabilité. Celles qui s'y refusent doivent être sanctionnées, comme la loi le prévoit."

Sempre gostava de saber, entre 12 ou 13h de trabalho por dia, mais 2 ou 3 h de transportes para poder comer... de quem é que é a negligência?!

"Il faut renforcer la lutte contre l'immigration irrégulière et les trafics qu'elle génère."
Irra, que é burro: SÃO FRANCESES QUE VIVEM EM FRANÇA!!!!! Ou vai mandá-los todos para morrer no deserto marroquino como manda os seus soldados fazer em Melilla?

"Il faut intensifier l'action contre les filières de travail clandestin, cette forme moderne de l'esclavage."
Até que enfim alguma coisa inteligente! Só que isto já a gente ouve há décadas e ainda nada...


"Mais l'adhésion à la loi et aux valeurs de la République passe nécessairement par la justice, la fraternité, la générosité. C'est ce qui fait que l'on appartient à une communauté nationale."
Portanto ele não sendo generoso nem fraternal, e ainda menos justo, exclui-se da comunidade. É isso?

"Et je veux dire aux enfants des quartiers difficiles, quelles que soient leurs origines, qu'ils sont tous les filles et les fils de la République."
Pois, dizer é muito bom. Aliás, eles estão fartos de ouvir. E ouvir, ouvir ainda mais. Agora querem ver.

" Nous ne construirons rien de durable sans le respect. Nous ne construirons rien de durable si nous laissons monter, d'où qu'ils viennent, le racisme, l'intolérance, l'injure, l'outrage."
Que lindo... quem não souber o que se passa no terreno, até pode achar que é um bom discurso.
E já que sabe isto, e é em última análise o adulto mais responsavél da nação, que tal dar o exemplo e começar ele por ter respeito em vez de racismo?


Quanto às medidas prometidas, a ver vamos. Estas promessas, e até outras bem mais corajosas já foram feitas dezenas de vezes. Nenhuma foi cumprida até agora. E não adianta fazer promessas com uma mão e ameaças com a outra. É jogo sujo, não vale.


" Et j'invite les chefs des partis politiques à prendre leur part de responsabilité : les élus, la représentation nationale doivent eux aussi refléter la diversité de la France. C'est une exigence pour faire vivre notre démocratie."
Com que então a repressão é implacável, mas para os partidos políticos, os meios de comunicação e o MEDEF é só doçuras. É, quem se lixa é sempre o mexilhão. Reparem: "Convido"... que lindo, que romântico!

Que besta!

14 novembro 2005

Sarkolazarysme 2

Novo dia útil, novas notícias do governo francês, secundado pela maioria dos media e dos súbditos. Como já aqui disse, o criminoso não descansa nem um dia.

1- as medidas securitárias de quase estado de sítio vão continuar por mais três meses. Na rádio, apenas o presidente de Câmara de Lyon (PS) contesta. Resta lembrar que os últimos grandes distúrbios foram exactamente na place Bellecour em pleno centro de Lyon. Esta lei tem que passar pela Assembleia nacional e pelo Senado, mas dadas as maiorias de direita, isto não é mais do que um pro-forma.

2- é grande a preocupação sobre a imagem negativa que os media estrangeiros estão a passar por todo o Mundo. Foram dadas ordens aos embaixadores franceses para desfazer esse "equívoco", fazendo passar uma imagem de perfeita ordem. Cheira a censura. Tresanda.
Ontem na rádio uma reportagem falava com um francês radicado nos arredores do Porto, que tenta em vão restabelecer a "verdade" sobre os acontecimentos de Paris junto dos seus amigos portugueses. Coitado, não sabe que os seus amigos portugueses, em especial naquela zona do país, sabem na pele como é ser imigrante em França.

3- vão cortar as "aides sociales" às famílias dos implicados nos distúrbios. Ou seja, Rendimento Mínimo Garantido, subsídios de desemprego, etc. Vamos portanto ter fome em plena Île-de-France. Os jornalistas devem ter tido tanta vergonha, que deram a notícia uma vez e nunca mais a repetiram. Na minha volta pelos principais jornais franceses, nem uma palavra. Mas eu ouvi, garanto que ouvi! O argumento do criminoso mor do país, estes pais são co-responsáveis pelos actos dos filhos, por não terem tomado conta deles.

Importa salientar que nas famílias com mais sorte, os pais têm dois empregos (num total de 12 ou 13 horas) cada um para poderem ter comida 30 dias por mês. Outros não têm mais do que o desemprego. Os passes de transporte para as zonas de residência destes bairros custam 68,1€ ou 84,4€ (consoante se respeitam às coroas 3 ou 4). Os tempos de transporte por dia ronda as duas ou três horas.

Só mesmo um grande criminoso retira a última côdea de uma família sem nada.


O apoio ao criminoso cresce de dia para dia. As sondagens dão-lhe cada vez mais carta branca para agir como lhe aprouver. A Assembleia Nacional e o Senado não são mais do que fantoches. A população apoia o crime e torna-se cúmplice. Instalou-se definitivamente no vocabulário dos franceses a diferença entre "français de souche" e "français d'origine maghrébine". Eles dizem que têm um modelo muito diferente do estado-unidense (e não americano; não consta que seja assim no resto da América). Mas alguém me explica a diferença entre isto e as designações "african-american", "native-american", "asian-american", "latin-american", etc?

É irónico, muito irónico, que na França das comemorações dos 60 anos da libertação e do fim do nazismo, a mesmíssima população apoie este apartheid e participe dele activamente nas "pequenas" discriminações monstruosas do dia-a-dia.



Mais uma questão: ONDE ANDA A ATTAC FRANCE nesta querela? Além de um comunicado de meia-dúzia de linhas no site, nada! Nem sequer se juntaram ao apelo da LDH (Liga dos Direitos Humanos), do MRAP e da LCR para uma manifestação no sábado passado!

12 novembro 2005

Fátima

Não é exactamente sobre a procissão de hoje em Lisboa que quero falar. Sinceramente, é-me indiferente.

O que me incomoda é que se juntem milhares e milhares para procissões, para peregrinações tão sofridas, para jogos de futebol, e até para gastar rios de dinheiro a acompanhar equipas de futebol ao estrangeiro, mas não sejam capazas de se juntar para resolver os problemas da vida que têm. Porque é que tanta gente age como se as duas coisas fossem incompatíveis? Como se o Deus em que acreditam quisesse que continuem cada vez mais miseráveis, ou então pedem-lhe que resolva os problemas que têm que ser as pessoas a resolver.

Se o mesmo número de pessoas que hoje encheram as ruas de Lisboa e os estádios do país se juntassem de hoje a uma semana para exigir os salários dignos, o governo tinha mesmo que se mexer.

11 novembro 2005

SARKOLAZARYSMO

"Governo francês proíbe concentrações em Paris no fim-de-semana
11.11.2005 - 16h43 AFP

Entre as 10h00 de sábado e as 08h00 de domingo estão proibidas todas as concentrações de pessoas em Paris, anunciaram hoje as autoridades francesas."

TODAS as concentrações? De mais de quantos? E vão prender os parisienses e turistas que passeiem em grupo, onde?

Além de demagógica porque obviamente impraticável na cidade mais turística do mundo, esta medida é perigosa. E com novas decisões securitárias TODOS OS DIAS, onde vamos parar?


Mais uma medida, mais um dia: a vontade de resolver verdadeiramente os problemas (e a subsequente violência) está cada vez mais longe. Com este governo e este rumo, receio bem que a guerra aberta e generalizada não estará longe. Ainda bem que os franco-franceses os apoiam. Não poderão ser acusados de ter agido contra a vontade do povo.

Nota: se eu desaparecer por muito tempo, não estranhem. Os bloggers franceses já começaram a ser presos e julgados. Isto da liberdade de expressão era bom demais para ser verdade!

09 novembro 2005

Notícias do dia

1. A proposta do BE, apoiada pelo PCP, para dar início ao processo de mudança da lei do aborto na AR, foi chumbada pela direita (PS, PSD, CDS). Evolução civilizacional parada na Idade Média e sem perspectivas de retoma.

2. Outra proposta do BE, de um voto de condenação pelo abandono dos subsarianos em pleno deserto para morrer à fome e à sede, foi chumbado na AR pela direita (PS, PSD, CDS). Não percebo que raio de gente se pode opôr a um protesto face à morte de tantas pessoas. Também não percebo que ando é que o PS assume que mudou completamente de campo político e muda a sigla. É que a designação de "Socialista" num partido cada vez mais à direita incomoda mesmo.

3. Mais um sinal dos tempos em que parámos o relógio: namoros na escola, só de heterosexuais. E são exactamente agentes de educação, que deviam educar, quem dá os piores exemplos de discriminação, tacanhez e falta de civismo e de educação.

4. Em França, Sarkozy reincide. Bom, uma coisa é certa: o tipo não descansa. Todos os dias arranja um novo disparate, do mais previsível ao mais absurdo! Agora incentiva a dupla pena. Os estrangeiros condenados em tribunal pelos distúrbios dos últimos dias serão extraditados uma vez cumprida a pena. Só que dos 1800 condenados, só cerca de 120 são estrangeiros. A revolta é de franceses, não é de estrangeiros. Mas vá-se lá explicar a este tipo que uma pessoa de pele escura tem nacionalidade francesa. Ele não concebe isso!

É de salientar a súbita rapidez dos tribunais para lidar com os acusados destes distúrbios. Não se pense que em França os tribunais funcionam sempre a esta velocidade. Não, só quando lhes cheira que podem "tratar" de uns quantos "escumalhas" todos por junto. Afinal o problema do atraso dos tribunais é mais fácil de resolver do que parece: basta apelar-lhes ao sentido de racismo e patriotismo mais bacoco.

E pára aqui hoje a leitura dos jornais. Ao contrário de um palestiniano, ou de um dos mortos esta noite em Amã, um qualquer detido em Guantanamo, em Melilla ou em parte incerta, eu tenho a imensa sorte de poder decidir que não quero saber mais nada disto hoje. Em princípio, estou segura de que a manchete de amanhã não me vai entrar pela casa dentro hoje à noite em forma de bomba, chicote ou decreto ministerial.

Quiz Principezinho

Por via dos Becos&Companhia fui fazer o teste: pilot.
You are the pilot.

Saint Exupery's 'The Little Prince' Quiz.
brought to you by

08 novembro 2005

Leituras

Amin Maalouf: "As Identidades Assassinas"

Ainda só li o prefácio, mas os comentários precipitam-se...

Esta é para mim a verdadeira globalização. Em França, eu, portuguesa, encontro compreensão e companhia no texto de um libanês do Mundo.
É muito bom não estar sozinha.

Leituras

Luis Sepúlveda: "O General e o Juiz"

Acabada de fresco a leitura, uma ideia povoa-me o espírito: as pessoas que mais sofreram e mais lutaram parecem ser as que melhor vivem a vida e que mais felizes parecem ser.

06 novembro 2005

Décima noite em Paris (e já não só)

A violência nas ruas alastrou a toda a coroa à volta de Paris e a várias cidades francesas.

O governo recebeu ontem alguns jovens de origem magrebina. Mas ou não são jovens desses bairros ou são os improváveis sortudos (sim, depende mais da sorte do que do esforço pessoal) que conseguiram sair do ciclo de miséria.

De resto, não se vislumbra o passo inicial para começar a resolver o problema: demitir quem devia ter saído há muito tempo. Pelo menos desde os mortíferos incêndios em vários prédios em Paris.


No entanto, falta ainda uma nota sobre a noite de hoje e ontem. Começaram ataques a ambulâncias, algumas das quais estavam em serviço. Uma ambulância em serviço está a salvar vidas, pode ser mesmo a diferença entre a vida e a morte do doente. É intolerável matar gente, e sobretudo inocente, em qualquer luta. Não aconteceu, felizmente, mas o ataque a uma ambulância significa essa possibilidade. E isso não é revolução, é descer ao nível Sarkozy, um dos mais baixos que se conhecem.

Entrevista - 2º Round

No ring de boxe de Margarida Marante esteve esta semana Jerónimo de Sousa. O tom da entrevistadora foi praticamente o mesmo: interromper a meio, dar opiniões como verdades adquiridas, sobrepôr-se ao convidado.

Esperemos pelos próximos episódios: será que Margarida vai ser tão desagradável assim com Cavaco, ou vai tirar um curso expresso com Paula Bobone?

05 novembro 2005

Lutas globais

Em Paris, em Mar del Plata ou em Ceuta: os slogans são diferentes, mas a luta é uma só. Pela Humanidade, a Liberdade, a Igualdade, a Justiça, o Desenvolvimento (esse sim) global e igualitário.




A luta é a mesma. A repressão também.



04 novembro 2005

Crónica de duas mortes há muito anunciadas

Primeiro, em vez de se preocuparem tanto com o véu, era isto que deviam ter resolvido. Quando há um problema resolvem-se as causas, não os sintomas.

Algumas destas são as mesmas cités onde agora se passam os confrontos. Pobreza, violência em casa, nas igrejas e mesquitas, na escola, na rua, desemprego. Não há praticamente integração em França. As cités são guetos onde se enfiam os imigrantes de países pobres - África sub-sahariana, Magreb, Médio Oriente, ex-colónias francesas, ou mesmo dos DOM-TOM (Ultramar - sim, a França tem Ultramar!)... São pessoas que muitas vezes não falam francês ou são analfabetas. Vivem em comunidades fechadas. Sem integração possível, fecham-se no que conhecem: a cultura dos países de origem, mas com exageros de imigrante. Vivem do RMI (rendimento mínimo de inserção) enquanto ele dura ou do subsídio de desemprego.

Do Estado, só cortes financeiros e repressão. Da polícia, que se quereria protectora, só há medo, terror e muita repressão. A repressão suficiente para três miúdos inocentes fugirem a esconder-se dentro de um transformador eléctrico.

Não digo mais. Não há palavras para tanta indignação. Deixo-vos ler os artigos que ilustram bem o que se passa nas cités. Não hoje, mas desde há muito tempo.


Pensando melhor, digo: Sarkozy devia ser sumariamente demitido. Sem mais delongas. A justificação foi o funeral dos dois jovens. E depois, obviamente, o único destino que se reserva a tal gente: o tribunal.

01 novembro 2005

Pequenas maravilhas do mundo

Edição especial dia de Todos os Santos:


As brendeiras das minhas tias-avós.

31 outubro 2005

Azulejos em Lisboa III

Azulejos em Lisboa II

Para variar

Boas notícias!

De vez em quando lá avança o Mundo mais um bocadinho. Um pequeno passo de cada vez... também em França a suspensão da pena de morte (desde 1977) foi um primeiro passo para a sua total abolição em 1981. Curiosamente, foi uma medida tomada contra a vontade da maioria da população, na altura 62% a favor da pena capital. Esperemos que o Japão (e os restantes países onde ainda se pratica a barbárie oficial) lhe siga o exemplo.

30 outubro 2005

Entrevista

Estive a ouvir a entrevista de Margarida Marante a Francisco Louçã na TSF, transmitida no sábado de manhã.
Só fiquei com uma dúvida: para que é que ela convida pessoas? A única coisa que ouvi foi a senhora a entrevistar-se a ela própria! Ela cortou a palavra a quase todas as frases do convidado! Deu a sua própria opinião e não admitiu contraditório. Deu opiniões como sendo factos provados e, obviamente, não permitiu que desmascarassem esta diferença.

Algo como: "a economia funciona sempre muito melhor quando o mercado é aberto, se ñao houver cartelização" é uma opinião. Só por grande desonestidade é que pode ser afirmado como uma verdade adquirida e provada. Isto, só para dar um exemplo...


E acabou de me surgir uma outra dúvida: que profissão é a desta senhora? Jornalista não é de certeza! Jornalismo é outra coisa muito longe do que ali se ouviu. Tem um código deontológico.

Desrespeito, falta de profissionalismo, soberba, desonestidade, tudo junto numa mulher só! Irra que é demais!

28 outubro 2005

Até novas ordens, o tempo parou

Daqui ver a RTP daí é viajar no tempo mais do que no espaço.

Aqui pode ler-se algo como: por motivos de secretaria parámos o tempo por tempo indeterminado. Não pedimos desculpa pelo trauma das vidas esquadrinhadas nos julgamentos, nem assumimos a responsabilidade pelas eventuais mortes que este recuo causará.

(escrito aos 28 dias do mês de outubro do Anno Domini 1005)

Hoje

Dia 9 não foi tão difícil, todos de uma vez, a gente até já sabia que eles iam ganhar...

Agora, isto assim às pinguinhas parece tortura chinesa!

27 outubro 2005

Pobre do país que não tem capacidade para atingir sequer a normalidade

A norte: soube-se hoje que os criminosos, seja qual fôr o estatuto social, são julgados e, tendo-se provado a culpa, punidos.

E isso não é especial, nem fantástico, nem fabuloso. É NORMAL! E a reacção da população é de absoluta naturalidade. Afinal, sabem que foi o dinheiro deles que foi mal empregue (que é a forma eufemística de dizer roubado).

A sul: Isaltino Morais tomou hoje posse na Câmara de Oeiras. E da pior forma possível, mostrando bem onde pôs a Democracia e o respeito básico pelos adversários.

24 outubro 2005

Mais do Bush versão Euro, vulgo Sarkozy

Sarkozy diz que: "il «ne serait pas anormal qu'un étranger en situation régulière, qui travaille, paie des impôts et réside depuis au moins dix ans en France puisse voter aux élections municipales»".
(não seria anormal que um estrangeiro em situação legal, que trabalhe, pague os impostos e resida em França há pelo menos dez anos possa votar nas eleições municipais)

10 Anos?! Só depois de pagar imposto municipal durante DEZ ANOS é que se admite o direito a votar?
Não percebo porquê pôr este limite: se não quer que as pessoas votem, seja sincero e assuma as consequências. Dizer dez anos depois de obter a legalização e sem estar no desemprego é na verdade o mesmo que dizer a eternidade.
E atenção: estamos a falar do direito a votar! E só para as eleições locais. Ninguém sequer falou em ser eleito! Nem mesmo para as autarquias.

E repare-se na formulação: "não seria anormal"... Não, não seria anormal. Anormal é o que é preciso ser para dizer uma coisa destas e achar que se está a piscar o olho à esquerda.

Declaração de princípios da casa


Quanto aos outros, venha o debate!

Lisboa6



20 outubro 2005

No limbo

Tratar de uma transferência no país que inventou a Burocracia é mais eficaz que qualquer dieta! Até porque há sempre quem nos assuste e nos dê a sensação de que a secretaria pode fazer parar o processo e impedir a transferência quando também já não é possível voltar atrás.

Se eu desaparecer uns tempos, não estranhem. Posso ter que ficar a tomar conta de algum impresso numa secretaria.

14 outubro 2005

O Mundo em Paris

Hoje vi uma cidade nova. Uma cidade que nunca tinha visto. É Paris, e por absurdo que pareça, é em Paris que moro há dois anos!
Esta nova cidade está fechada numa Universidade a sério e que, ao contrário da universidade que eu conhecia, parece uma Universidade e não um colégio interno de meninos bem. Ou seja, pela primeira vez vi em Paris gente de todos os feitios, vestidos das mais diversas maneiras, côres e estilos. Hoje, ali, Paris não parecia uma montagem ao vivo da montra da Zara.

Há vida, cartazes, protestos, opiniões, grupos políticos e culturais dos mais diversos. Ali as pessoas não desistem da vida para estudar. Ali os professores e os alunos são também cidadãos.

Estive enganada estes dois anos. Afinal em Paris também há gente diferente, com vida própria, diversidade e opinião. É bom estar enganada de vez em quando!

Daqui para aí


Para não teres saudades aqui ficam bocadinhos da nossa cidade encontrados quando andamos por ela adentro.

11 outubro 2005

De malas aviadas...

Cá vou eu... daqui pr'aqui.

Ainda não saí de cá e já tenho saudades! Esta coisa da emigração tem bem que se lhe diga...

E todos dizem mais ou menos a mesma coisa, embora de modos diferentes - tanto o Manuel Alegre (ouvi-o uma vez numa entrevista) como os emigrantes populares (alguns quase analfabetos) que vou encontrando pela Gália: depois de algum tempo, temos sempre saudades do sítio onde não estamos; sentimo-nos estrangeiros lá e cá.

Esta acrescento eu: quando estou cá vejo os defeitos dos portugueses e só me lembro de aspectos que em França são melhores; mas quando estou lá, os portugueses parecem perfeitos e são os franceses que se tornam insuportáveis (embora, como já disse, sou sempre tendenciosa para o lado dos portugueses)!


F., porta-te bem e cresce muito! Feliz aniversário dos 6m!!!
(e deixa a J. postar de vez em quando, senão a malta pensa que eu ocupei isto sem dar troco a ninguém... ;))

08 outubro 2005

Coisas que não era preciso dizer mas ficam sempre bem

Amanhã, todos às urnas!


Eu bem sei que é agradável chegar à Assembleia de voto, não ter fila e despachar a coisa em 5 minutos. Mas por outro lado, quando era pequena e acompanhava os meus pais à escola primária onde eu andava (e era uma excitação ver aquilo aberto ao domingo e cheio de adultos), ficávamos na fila, tínhamos que esperar, mas a noite era mais emocionante!

E eu gosto mesmo das noites de eleições (mais de quando as minhas simpatias se dão bem do que quando se dão mal, evidentemente). Dos segundos antes das 19h ou das 20h (conforme), de esperar, de ouvir os comentadores a acertar um comentário em 30 (ou 40), de ir comparando as sondagens aos resultados que vão saindo...
Mas acima de tudo, gosto de saber que, pelo menos naquele dia, NÓS FIZEMOS O NOSSO FUTURO!

07 outubro 2005

Não devia ser bem isto que ele queria dizer...

"Há uma conflitualidade social relativamente às medidas do Governo muito abaixo do que seria de esperar em Portugal", disse José Sócrates.

Olha a novidade!

Os portugueses não lutam pelos seus direitos como deviam.
Face às medidas do governo de Sócrates, a contestação devia ser bem maior!

Estamos mais pobres, mais desempregados ou pior empregados, temos menos garantias e até os nossos direitos já passaram a chamar-se "regalias".

Sem uma luta permanente, diária, solidária e transversal à sociedade, não vamos chegar verdadeiramente à UE. Só deixamos que se aproveitem da nossa brandura ou medo ou vergonha ou lá o que é que eu não entendo.

Um debate esclarecedor 2

Troca votos por exemplos!

Se ganhar, Carrilho "dará o exemplo" e veremos Carrilho, Bárbara e Sócrates a andar de transportes.
Mas só se ganhar, afinal negócio é negócio!

Um debate esclarecedor 1

A Autoridade Metropolitana de Transportes é uma empresa!!!

Só não percebo é de quê... o que comercializa, que produtos/serviços vende, de onde vem o lucro... ou mais importante: para quem vai o lucro?

Bom, e depois da AMT podemos privatizar o Governo! Sim, não falta muito mais...

05 outubro 2005

Contra o esquecimento!

Amanhã, às 14h, em frente à antiga sede da PIDE, na Rua António Maria Cardoso em Lisboa.

O prédio onde morreram e foram torturadas tantas e tantas pessoas vai ser posto à venda como condomínio de luxo ou coisa parecida. Não sei quem conseguirá dormir naquelas salas, nem como se olhará no espelho. Não concebo como alguém conseguirá viver ali descansado. Mas se o negócio foi feito é porque o lucro é garantido. Esses alguéns existem mesmo, por mais inconcebível que pareça.

Aquele prédio deve ser um memorial. Por todos os que ali sofreram e morreram. Mas principalmente pelos nossos filhos. Porque quando a PIDE fôr esquecida, estarão reunidas as condições para que reapareça.

Dia 5 de Outubro (quarta-feira, feriado) frente à antiga sede da PIDE em Lisboa (Rua António Maria Cardoso) às 14:00 em ponto não vamos permitir que nos apaguem a memória!
Não faltes e divulga!
Não deixamos que nos apaguem a memória!


Apareçam e tragam amig@s.

Agora é que eu vos vou dar música!

Finalmente lá meti as mãos na massa e acrescentei algumas ligações aqui ao lado.
Dois blogs de dois colegas compositores e amigos, emigrados como eu, pelo menos de vez em quando...

O GRM, que é o organismo por excelência da música electroacústica/ acusmática/ nome em permanente discussão. É a casa do Acusmonium.
O IRCAM que se pensa que é um lugar de música, mas é na verdade um viveiro de engenheiros onde também se fazem concertos.
A Associação Musiques et Recherches, da Bélgica, que se preocupa com a música electroacústica e em especial com a sua interpretação e espacialização. Organiza um festival e dois concursos, pelo menos!

A JMP, que é um dos sítios onde se pode aprender música em Lisboa e que é também uma associação de músicos.

A Gulbenkian, que é a Gulbenkian. Neste caso, pus directamente a página do Serviço de Música, onde se pode encontrar o programa da temporada.
O S. Carlos, para (ou)ver ópera. Às vezes boa, outras nem por isso; depende dos convidados, porque a companhia da casa foi extinta há muito tempo.

A Miso, que é a casa do Miso (ensemble), do Festival Música Viva, da música electroacústica em Portugal, do CIMP de que a J. já falou, e de uma família simpatiquíssima!
A Utópica: era uma vez um maestro, vários compositores e alguns instrumentistas. Um projecto novo, inovador, era mesmo o que o país precisava, e uma prova de que a utopia pode ser real.
O Centro de Belgais, outra prova de como a utopia pode existir!


Não é uma lista exaustiva, mas já não é por falta de programa que os leitores do Assédio ficam em casa!

04 outubro 2005

Mas nem tudo é mau na bolinha azul...


De vez em quando a malta une-se. A solidariedade é das coisas que mais me entusiasma, acho mesmo que é uma das grandes maravilhas do Mundo e o seu grande motor.
Hoje foram mais de 1 milhão.

Há sítios onde eu já não contava ir...

... nunca me despertaram a mínima curiosidade, mas agora muito menos!!!

Na Florida há permissão para atirar a matar sempre que o cidadão-assassino se sinta ameaçado. Ou seja, basta que depois em tribunal alegue que "pensou que no tom de voz lhe pareceu que talvez"... e pronto, assassinato legitimado, tudo certo!
O cidadão-sócidadão é que se lixou no entretanto, apanhou com o balázio e nunca se chegou a saber se queria um copo de água fresca ou natural, um rebuçado de menta ou de morango, ou se simplesmente tinha cara de mal disposto por lhe ter corrido mal o dia.

O governador do estado, obviamente, tem nome de assassino: Bush. Os associados e promotores da lei são os assassinos encartados e autorizados da NRA.

E para quem está de partida... boa viagem... se conseguirem!

Centro de Informação da Música Portuguesa

29 setembro 2005

Campanha

Lembram-se do velhote que estava sempre no Rossio com um megafone? Eu não me lembro exactamente do que ele dizia, mas creio que anunciava Deus, prometia o Céu, ameaçava o Apocalipse e outras coisas do género.

Ora... quem é que tinha hoje a banquinha montada exactamente no mesmo local?
O Carmona Rodrigues, claro está!

É só uma coincidência, claro. Mas lá que teve piada, isso teve!

A culpa não é minha!

Eu bem queria começar a falar de outras coisas...

Sempre que penso: "É hoje que começo a falar de Música electroacústica" acontece alguma coisa que tenho mesmo que contar, e pronto, lá foge o assunto...
A culpa não é minha, só que há demasiada gente a pôr a pata na poça cá no burgo!

27 setembro 2005

Divulgação da cultura portuguesa

Os estrangeiros acham que nós somos pequeninos, parvinhos, bacocos, pacóvios, incompetentes, terceiro-mundistas na onda do exótico e tropical, incivilizados e ingovernáveis. Aliás, parece que já pensam assim há muitos séculos. E nós, o que fazemos para melhorar a imagem de Portugal lá fora?

Exportamos tudo o que lhes possa dar razão!

23 setembro 2005

Demo... quê?

É por estas, por outros, pelos sobrinhos doutros, e muitas mais que conhecemos (fora as restantes), que eu estou cada vez mais convencida que tivemos um belíssimo projecto de Democracia.
Tivemos. Pretérito perfeito, acção acabada. Democracia, agora, só no dicionário.

Ai acham que não?
Então nós temos que aturar:

a corrupção, a impunidade; a pobreza, o desemprego, o racismo, o machismo, a ignorância, a discriminação de tudo e todos, a xenofobia, a homofobia, o paternalismo; a falta de civismo em todo o lado e a falta de civismo assassina nas estradas; o neo-liberalismo, as notícias da bolsa, as privatizações da cultura, da investigação, dos transportes, da água, da saúde, da segurança social...

...os julgamentos por aborto, o creacionismo; o futebol, o 13 de Maio, o culto mórbido pela Amália (lindo trio!); o Bush do lado de lá, o Sarkozy do lado de cá, o Putin mais adiante, as tropas americanas em todo o lado, o Bin Laden não se sabe bem onde (bem, deste... nós não sabemos, mas os amigos devem saber, por isso é que não o apanham; já vasculharam os cantinhos todos onde sabem que ele não está...); o Sócrates a lixar-nos a todos, o IVA em exponencial, a idade das reformas também, os salários a descer; os partidos socialistas europeus (em conjunto) a passar à direita da direita...

...os carros de luxo estão cada vez mais em alta e cada vez mais gente não tem dinheiro para comer todos os dias, a eternização da actualidade da canção do José Mário Branco "Shalom Palestina" (não era bom ouvi-la - sempre, claro - mas com o gosto de ser finalmente sobre um horror do passado?); a fuga aos impostos é na prática um direito inalienável, os direitos escritos na lei são agora "regalias"...

...ufff, intervalo para descansar...

...o playboy mais burro do país ainda agora mandava nisto, os discursos do Paulo Portas; a desresponsabilização e impunidade dos políticos pelos danos gravíssimos causados ao país com decisões absurdas e arbitrárias (vide, a anterior ministra da educação ou o episódio dos famosos submarinos); o """""""""intelectual""""""""" mais mediático é parvo, incompetente, e foi ministro do estado novo; a Margarida Rebelo Pinto é conhecida como "escritora" só porque sabe o alfabeto (e não é a única); a Cultura (que é isso?) vai desaparecendo; só desde que comecei a escrever o post devem ter sido compradas nos EUA por particulares centenas ou milhares de armas...

...continua a não haver medicamentos (nem prevenção) para a SIDA em África, nem comida, nem água; a poluição, o degelo dos pólos, a subida das temperaturas, a seca aqui, inundações ali, o Prestige e os outros; os "Nunca Más" repetidos em vão; praticamente deixou de haver Jornalistas a fazer Jornalismo na comunicação social; os incêndios, os incendiários, a polícia que não os apanha...

...a precarização do emprego em todo o lado; a preocupação desmesurada com o preço do petróleo quando estavam a morrer pessoas em New Orleans sem socorro nem ajuda; o poder político usado para imunidade de criminosos e/ou negócios de milhões; o condomínio de luxo na sede da PIDE; a impunidade dos responsáveis pelos mortos de Entre-os-Rios; os mortos em Bagdad e no Afeganistão; o desaparecimento da ONU e do TPI na prática; o desrespeito internacional da Carta dos Direitos Fundamentais do Homem...

...a estupidificação, que é a doença mais grave do século e uma das mais contagiosas, e quase ninguém deu por isso.


Como se não bastasse e não estivéssemos todos já sem fôlego no fim disto tudo, as manifs democráticas é que são proibidas, as outras - as ilegais - só falta serem encorajadas.

Por isso é que eu digo: Democracia, já ninguém sabe o que é se não tiver um dicionário.

21 setembro 2005



























Se tivesse de pôr estrelinhas diria deste imprescindível

18 setembro 2005

Começou o Festival!

Já vou atrasada, mas mais vale tarde...

Durante os próximos dias é possível que desapareça do blog. Vou passando, mas vou ter pouco tempo para posts.
Depois darei novas da música electroacústica.

Ah, e já agora... (fica sempre bem puxar a brasa à nossa sardinha, e neste caso até é sardinha da boa) o link é para verem o programa e aparecerem!

14 setembro 2005

A lógica surreal ou de como me fazer perder a paciência em 5 segundos

Tarde de cinema com as crianças.
Há quase 10 anos que não ía ao cinema às Amoreiras. Para mim, Cinema é sem pipocas e com um bom filme. Mas como para as crianças o conceito é outro, lá fomos.

Na bilheteira pedimos 4 bilhetes: duas crianças, um adulto, um estudante.

A menina da bilheteira explicou-nos o seguinte, como quem diz uma coisa séria e acertada: só os estudantes têm desconto. As crianças, sem apresentarem cartão, nada feito. Uma das crianças tem 3 anos e devia ter cartão de estudante para ter desconto! A outra anda de facto na escola, mas aparentemente nas Amoreiras nunca ouviram falar do ensino obrigatório até aos 14 (se nunca chumbarem). Ainda há quem se atreva a olhar para um miúdo com menos de 10 anos e perguntar se é estudante! E a dizer que sem o cartão não prova que é estudante!

Conclusão: um dos adultos (eu) teve desconto por ser estudante e as crianças pagaram bilhete completo.

Eu ter-me-ia vindo embora, mas é complicado explicar a dois pequenos que não vêm o filme porque a política de preços da empresa é absurda. Ainda mais difícil é explicar-lhes que há adultos (e neste caso uma empresa, ou seja, muuuuitos adultos) que (mesmo juntos) não têm nem um quarto das capacidades intelectuais deles.

Ainda bem que o filme safou a minha má disposição. É que há algumas coisas que me irritam mesmo. No fim disse adeus ao cinema das Amoreiras, espero que não seja só por mais 10 anos!


Às vezes tenho mesmo a sensação de estar a ser seguida pelo Humpty-Dumpty.

12 setembro 2005

Pequenas maravilhas do mundo

Esta nem é assim tão pequena...

Nota: Foto tirada daqui.

Pequenas maravilhas do mundo

A mais linda cidade que vi até hoje.


Corro o risco de parecer tendenciosa, mas não tenho a culpa de ter nascido aqui, em Lisboa.

Nota: fotografia tirada daqui.

08 setembro 2005

O prometido é devido!

Hoje andei outra vez a brincar aos testes. E aqui vai:

Paris.
You belong in Paris. You are a real romantic, you
live to be loved. Paris will sure give you
love!



In What City Do You Belong?
brought to you by Quizilla


Aparentemente, dizem eles, eu vivo no sítio certo. Mas então porque é que eu tento sempre prolongar as estadias em Lisboa o mais possível?

Cá por mim, entre os resultados possíveis deste teste (Nova Iorque, Paris, Londres, Florença, Tokyo), escolheria Londres (só porque Lisboa não consta). Agora já sabem que vivo em Paris, pelo menos por enquanto. As minhas impressões sobre a cidade e os habitantes hão-de ir saindo à medida que se proporcionar... As minhas razões para preferir outras cidades também, e algo sobre esta relação Amor-Ódio com Lisboa que descubro cada vez mais nos lisboetas (entre os quais eu me incluo).

07 setembro 2005

04 setembro 2005

E desde ontem...

...já o meu post se desactualizou. Mais um incêndio num prédio, desta vez nos arredores de Paris. Aparentemente as condições deste eram melhores, ou seja, não estava quase a cair.
Ainda assim foi fogo posto, parece que desta vez sem qualquer dúvida.

E quem se lixa é sempre o mexilhão!

Cá ou lá, deste lado ou do outro do Atlântico, o racismo é sempre o mesmo.

Do lado de cá:

Não é uma coincidência que em poucos meses se tenham deixado arder três prédios onde viviam famílias maioritariamente negras. As causas estão, nalguns dos casos, por esclarecer inteiramente, mas uma é certa: não houve prevenção, os prédios não estavam em condições mínimas de habitabilidade (há muitos anos). E neles vivia gente muito pobre, sobretudo mulheres e crianças, a maior parte delas eram negras.
Os incêndios não eram previsíveis, mas o risco era sobejamente conhecido. Nada foi feito antes dos incêndios. Nada foi feito depois do primeiro incêndio em Abril. Nada foi feito após o segundo incêndio mais de três meses depois. Foram precisos três incêndios, todos com mortos, para o sr. Sarkozy perceber que tinha que fazer alguma coisa.
E é agora, com a aproximação do frio e da chuva, no dia do início das aulas, que o sr. Sarkozy resolve desalojar toda a gente e metê-los em bairros afastados dos empregos e das ecolas das crianças. Todos em situação provisória.

Nada está dito sobre o que se segue. Menos ainda para quem não esteja legalizado, mesmo que sejam pais de crianças francesas.


Do lado de lá:

Também não é coincidência que, perante as previsões do furacão, com alguns dias de antecedência, quem não teve meios para sair de New Orleans foram os mais pobres, quase todos negros. Aqui a questão da nacionalidade não se põe: são quase todos cidadãos dos EUA.

Sabia-se há muito que os diques estavam em mau estado, e que podiam romper em caso de tempestade. Sabia-se também que, na generalidade, quem não tem carro são os negros e são também eles que moram na parte baixa da cidade. Sabia-se que é uma área de tempestades tropicais e furacões. Soube-se deste furacão com vários dias de antecedência, da sua rota e da sua força.
Os brancos saíram quase todos. Os negros ficaram à espera do transporte que lhes foi prometido para fugirem ao furacão (antes do furacão).
Continuam à espera, os que ainda sobrevivem, mas agora de quem os salve das águas contaminadas, da falta de comida e de água potável, das doenças, do agravamento dos ferimentos, dos gangs criminosos. A primeira coisa que tiveram foi uma ordem dada à polícia para atirar a matar.

Mas não se apresse, sr. Bush. Cada um que morrer, sempre é menos um subsídio de desemprego a pagar.
Não se apresse. Cada um que morrer, é menos um doente a gastar dinheiro do seu Wellfare.
Não se apresse. Claro que os seus soldados são muito mais precisos no Iraque, a matar, do que em casa, a salvar. Não é óbvio, sr. Bush?
Não, sr. Bush, não se apresse. São só pretos. Nem sequer são bem pessoas, não é sr. Bush?

Fique antes em casa, durma descansado. Olhe-se bem ao espelho, sr. Bush. Se conseguir, sr. Bush.


E na ONU:

Se cumprisse o papel para que foi fundada, se não estivesse ao serviço dos interesses económicos de meia dúzia, impunha-se criar uma força de capacetes azuis para salvar as pessoas que estão retidas em New Orleans sem assistência. É uma emergência humanitária. Contra os poderes instalados, se preciso fosse. Não seria a primeira vez no Mundo, só seria a primeira vez nos EUA.


E no TPI:

É ainda assim irónico, para não dizer ilógico, que um tribunal esteja à espera da assinatura do criminoso para julgar o próprio criminoso. Quantas mais mortes, quantos mais crimes, quantas mais guerras, e em quantos mais países é que é preciso morrerem não brancos até este tipo ser parado?


Porra!

Censura!

Há alguns anos que não haviam directos na televisão dos EUA por motivos de censura prévia. Ontem houve um quase directo, e foi o que se viu!

Felizmente os EUA não são "a maior Democracia" do Mundo, como se apregoa por aí... Ai de nós se fossem. Aliás, tenho cada vez mais dúvidas se serão, ainda que de longe, uma Democracia.

02 setembro 2005

Mais notícias da estrada... e do país

E neste país, já se sabe que notícias da estrada raramente são boas.

Cada vez que a Ponte 25 de Abril fica cheia, não consigo chegar a Alcântara! Parece um contra-senso, mas não é: a Avenida de Ceuta tem a meio um cruzamento onde fazem inversão de marcha os condutores que vêm de Alcântara e querem ir para a Ponte. E o dito até está bem feito, e funcionaria, se as pessoas respeitassem os outros (primeiro que tudo), as regras de trânsito e as caixas amarelas.

Mas não, nada disso! Quem faz inversão de marcha passa o sinal verde enquanto está aberto, apesar de ver claramente que não tem espaço nas faixas dedicadas à Ponte. A fila cresce atravessada no cruzamento e impede a passagem a quem está na faixa dedicada a Alcântara e se dirige (imagine-se!) para Alcântara.

Claro que o habitual é, sempre que o trânsito na Ponte está parado, a Avenida de Ceuta encher, às vezes quase até ao fim, o que faz cerca de 1,5 km de fila parada só e apenas por causa da porcaria de falta de civismo do pessoal!

E a Brigada de Trânsito? Raramente lá está. Mesmo muito raramente. De vez em quando lá aparece, mas é só para ver as vistas...

Pode parecer um pormenor quase irrelevante, mas eu estou cada vez mais convencida que o que falta realmente ao país é respeito das pessoas umas pelas outras. Enquanto cada um tentar ser o chico esperto (nas pequenas e nas grandes coisas) e safar-se sem pensar em mais ninguém, a coisa não sai da cepa-torta. Este exemplo é só uma pequena demonstração de como por causa de alguns chico/as esperto/as, há centenas de pessoas bloquedas sem conseguir passar durante horas.

01 setembro 2005



Nas férias há gente a trabalhar



Nas férias vemos as mesmas coisas mas como novas

Os assassinos da autoestrada

Eu tenho um carro pequeno, utilitário e óptimo para quem gosta de ir ao Chiado (sim, podia aqui discutir os transportes públicos, mas talvez fique para outra ocasião). O meu pai tem um carro grande, para viajar com a família.

Quando ando no meu carro (um "carro de «senhora»" como lhe chamaria qualquer machista atrasado) na autoestrada, assim que tento fazer uma ultrapassagem, aparece sempre um carro atrás a buzinar desenfreadamente, a mudar de faixa sem fazer sinal, e muitas vezes a fazer manobras impensáveis como colar-se à minha traseira (esta é diária), passar pela esquerda entre as duas faixas, mandar-se para cima de mim para me obrigar a sair-lhes do caminho e outros mimos fantásticos! Tudo porque não podem andar 30 segundos a 120km/h (bom, ok, às vezes um bocadinho mais...) antes de voltar à sua velocidade cruzeiro de 200km/h!

Não é a velocidade que me incomoda verdadeiramente. São as manobras e o tipo de coisas mortíferas que esta gente faz com os carros. Será assim tão complicado de perceber que a 120km/h, se eu tivesse que travar a fundo, aquelas alminhas não conseguiam travar as suas bombas nos 2 ou 3 m de distância que têm do meu carro? Bom, a meu ver, e se as coisas fossem chamadas pelos nomes, excepto nos dois primeiros casos (o de buzinar e o de não fazer sinal antes de mudar de faixa), esta gente devia ser julgada por assassínio na forma tentada. São estes pretensos "espertos" que matam centenas ou milhares de pessoas por ano nas estradas!

Bom, mas adiante. Quando conduzo o carro do meu pai (um "carro de homem" diria o palerma da autoestrada), mantenho a mesma condução e a mesma velocidade. O facto é que ninguém buzina, ninguém tenta fazer coisas esquisitas e muito pouca gente se cola à traseira do carro.

Falta só adicionar mais um dado. A maior parte das vezes, reparo que estes tais "palermas da autoestrada" são homens e os carros pertencem invariavelmente a duas ou três marcas, são carros grandes e caros.
Não quer dizer que só os homens conduzem mal, mas é uma constatação que tenho feito: este tipo de asneiras são mais masculinas. As asneiras que tenho visto de mulheres, são mais na cidade e a velocidades mais baixas. São geralmente menos perigosas e menos catastróficas quando dão para o torto.

É absurda a minha conclusão, mas é a única que me surge. Quando um palerma vê um "carro de senhora", atira-o para a berma e não lhe reconhece o direito de lhe estar a "roubar" a faixa e a passagem, só vê erros de condução em tudo o que o condutor fizer e a velocidade nunca lhe chega. O mesmíssimo condutor, a mesmíssima manobra num dos tais "carros de homem", e o mesmíssimo palerma que vem atrás já não vê asneiras por todo o lado, já não vê falta de velocidade, já não acha que o outro não tem o direito de conduzir ali.

E chamo-lhe absurda porque estamos no século XXI, porque andámos muito em matéria de machismo e de civismo, porque morre gente todos ou quase todos os dias nas estradas, e porque não compreendo como é possível haver gente ainda hoje com este tipo de pensamento.

Será falta de civismo, machismo primário, inconsciência ou tudo junto?

23 agosto 2005