28 dezembro 2006

Faz como eu digo, não faças o que eu faço

A Comissão Europeia, presidida por Barroso, veio agora publicar um documento a explicar aos novos membros o que são más companhias e maus exemplos: um tal de Durão lá do governo de Portugal, um horroroso, que Barroso desconhece e nem quer conhecer! Consta que Barroso até tem raiva de quem conhecer Durão!

Digam os especialistas de sua justiça, mas eu cá tenho cada vez menos dúvidas de que há aqui esquizofrenia.

A pena de morte de Saddam Hussein

Os iraquianos perderam uma excelente oportunidade para abolir a pena de morte e começar efectivamente a construir uma Democracia, apesar da memória do ditador e da presença do invasor.
O Bush perdeu um amigo de longa data.
E o Mundo nunca mais vai perder o síndroma do Saddam como mártir e as consequências graves que este assassinato nos vai trazer a todos.

Ford II - isto "vai de carrinho, vai"...

Curti sobretudo (isto da ignorância dá em descobertas destas assim tardias...) aquela de ele ter perdoado completamente o Nixon, dispensando-o de qualquer julgamento ou responsabilização. É bonito ver uma amizade assim. Amizades destas já não se fazem, que o diga o Saddam.

Ford I - o jornalismo

Nas notícias de ontem há uma coisa que me ficou a incomodar: então o Ford foi o único presidente dos EUA que não foi eleito? Que injustiça, esquecerem-se assim de um tipo, só por ser deficiente mental: o Bush também não foi eleito para o primeiro mandato!

27 dezembro 2006

A accountability de Paulo Gorjão

Para o Bloguítica a principal causa de insucesso escolar ao nível do ensino superior é o valor das propinas ser baixo. Se representassem o valor que o Estado investe em cada aluno resolvia-se o problema do insucesso. Será que podemos aplicar o mesmo mecanismo para resolver o mesmo problema dentro da escolaridade obrigatória? É que os números de insucesso e abandono escolar são muito idênticos... O caldo de mentalidades que subjaz esta ideia não é novo mas tem sido fortemente incutido nem sempre assumindo a sua ideologia essencial. Talvez o autor nem seja um pensador das essências mas tão somente um pensador dos produtos influenciado e iluminado pelo sabor dos tempos. Antes do cidadão o contribuinte e antes dos direitos os serviços. Muito bem. Mesmo que esta seja a sua premissa considerar as taxas de insucesso escolar no ensino superior sem considerar estudos já elaborados sobre o assunto não é bonito para um jornalista. E estudos e números apontam, essencialmente, para um crescimento enorme do número de estudantes-trabalhadores (diferente do conceito de trabalhador estudante-aquele que já trabalha e tem as suas obrigações familiares quando ingressa num curso superior) aqueles que a meio dos estudos têm de trabalhar para sustentar os mesmos atrasando ou impedindo mesmo a conclusão do curso. Ao mesmo tempo, e relacionado com este primeiro motivo, a falta de perspectivas profissionais à saída da licenciatura. Se eu não vou melhorar a minha vida profissional a conclusão do curso pode ficar para segundo plano. E neste momento até existem pessoas que podendo fazer uma ou duas cadeiras por ano só optam por não o fazer porque o valor da propina é o mesmo independentemente do número de cadeiras e não há dinheiro, como diz exactamente a Bloguítica, para fazer o curso em 7 ou 8 anos. Portanto não se faz.
Há lugar para chamar a atenção ainda sobre valores comparativos entre a percentagem que o Estado gasta em cada aluno e a taxa de esforço das famílias e aquilo que gastam os nossos parceiros europeus para dizer que o nosso Estado aparece nos mais fracos contribuidores para o Ensino. Mas se Paulo Gorjão quer dar lições sobre Ensino Superior ao resto da Europa espero que tenha um diploma bem caro e bem tirado.

24 dezembro 2006

Natividade

No dia 20 este blogue fez três anos. Reparei. O Rui começou-o experimentalmente. Eu juntei-me. Sem projecto aparente. Bitaites. Mais tarde veio o Deco-Renegade. Depois juntámo-nos a outro projecto colectivo. Mais coerente abrangente e unitário. Depois eu voltei para as cores amarelentas desta página. Depois veio a Helena. Sem planos. Só bitaites. E estarmos em contacto. Como ter a linha telefónica activa. Bom, leitores e leitoras que se sentem menos assediad@s do que mereceriam, agora vamos ao bacalhau que o menino não tarda.

23 dezembro 2006

Cantiga de amigo

Ainda não sei dizer o teu nome no passado.

Queen
No-one but you

ABSOLVIDOS!

Nem podia ser de outra forma! A manifestação é um dos direitos básicos que as democracias têm, para poderem sê-lo.

A escolha de dois manifestantes entre dezenas foi completamente arbitrária, e esteve na base do julgamento.

De qualquer modo, não deixa de ser absurda uma legislação que permite levar manifestantes a tribunal, apenas por serem manifestantes.

21 dezembro 2006

Brinquedos de qualidade: afinal foi só uma moda...

Depois do comentário que fiz ao post da J. já aqui em baixo, lembrei-me de uma coisa que me anda a chatear à brava desde que nasceu a B., há 4 anos. Quero comprar-lhe brinquedos, de vez em quando, e que sejam educativos. Nada de merdas que lhe metam na cabeça que tem que ser anorexica (Barbies), ou saber passar a ferro, lavar e esfregar (panelas e tachos de brincar e similares). Quero aquelas coisas divertidas e que não lhe toldam logo a cabecinha.
Na minha ingenuidade de trintona, lá ía , obviamente (achava eu) à procura de Legos. Faz-se o que se quiser, constrói-se segundo os modelos ou não, e as personagens ou as histórias das brincadeiras são totalmente a inventar. No meu tempo os Legos ilustravam a vida das pessoas (todas) do campo, da cidade, em épocas diferentes... E as peças eram suficientemente incaracterísticas para permitir a imaginação tomar conta. Quantas discussões não tive cá em casa porque o meu castelo medieval era para o meu irmão uma garagem de carros!

Agora há duas possibilidades: monstrengos horrorosos e já com as peças todas destinadas a um só sítio para rapazes; casas de banho para limpar, tábuas de passar a ferro e cozinhas para as meninas.
Não só as peças não são indiferenciadas, o que não permite usá-las de muitas formas, mas ainda por cima, os meninos têm que ser feios, porcos e maus, e as meninas lindas de morrer e boas donas de casa.

E isto, só para falar dos brinquedos que eram reconhecidamente de qualidade, divertidos, e puxavam pela imaginação!

20 dezembro 2006

Menos perto do que é importante

Se há publicidade que me tem irritado solenemente e de forma continuada é a da TMN desde que mudaram de rosto e de imagem. A mudança do seu target para o universo juvenil (sendo nestas camadas que se gasta muita pipa de massa e que se pode promover a a habituação a novos serviços) faz de cada reclamo novo um atentado aos consumidores mais ou menos voluntários da publicidade. Se há aquela que diverte e desanuvia a da TMN dá vontade de ir ver o S.Gregório. A vida-como-ela-é é tudo menos a vida como ela é. O até já roubado às nossas frases diárias para marca de uma empresa é insidioso e repugnante. Agora imaginem os trabalhadores da TMN quando alguém amigo lhe diz até já. E depois da publicidade com caras idílicas abaixo dos 25 anos vieram as lojas tipo bar dos morangos com açúcar mas em tons de azul submarino. Os trabalhadores abaixo dos 25 anos e vestidos com roupas de skater azul submarino. Decidiram especializar-se num tipo de clientes (TMN concurso de bandas de garagem) e numa estação do ano ou estão a adaptar-se ao país irreal que temos?

19 dezembro 2006

Anos 80: Uma tipologia

A maior tentativa de empreender uma visão sobre a década, segundo os curadores, a exposição em Serralves é arrojada e complicada de receber. Será por não estarmos tão longe dessa década ou porque (ainda) reinam as categorias que por muito tempo estiveram associadas a uma obra de arte (como o belo). A comunicabilidade continua a parecer um princípio sólido e seguro. E comunicam. Não da forma violenta e imediata que a maior parte da arte plástica e visual dos anos 60/70. Merece a visita. Até 25 de Março.





"Apresentando obras pertencentes ao último momento histórico antes da globalização, "Anos 80: Uma Topologia" organiza-se em torno de grupos geográficos (o mapeamento geográfico da arte mundial, porém, é abandonado sempre que um argumento estético se revela mais forte do que o argumento topológico). A exposição mostra – com raras excepções – obras originárias da Europa e das Américas. Apesar de adoptar uma perspectiva europeia, inclui contributos de todo o universo da arte e ao mesmo tempo abre algumas janelas para locais de menor visibilidade, como Istambul (Gülsün Karamustafa), Atenas (George Hadjimichalis, Apostolos Georgiou), Santiago do Chile (Eugenio Dittborn), Moscovo (Ilya Kabakov) ou Abidjan (Frédéric Bruly Bouabré).
A exposição centra-se em obras que dão forma, em particular, à incerteza contemporânea acerca do lugar da arte na sociedade contemporânea e, de uma maneira geral, às incertezas culturais e políticas da época. Assim, nem inclui obras que pretendem oferecer novas (velhas) certezas (por exemplo, o regresso a tradições e mitologias locais, formas de arte estabelecidas e representadas na Transavanguardia italiana, na Wilde Malerei alemã, ou a obra de americanos como Julian Schnabel, David Salle e Eric Fischl), nem inclui obras que reagem com um distanciamento cínico à situação contemporânea (Jeff Koons). Aquilo a que aqui se assiste (após o período da arte conceptual, baseada na linguagem dos anos 70) é o regresso do objecto – mas um objecto que gera um lugar suspenso, um lugar sem lugar, o não-lugar da atopia.
Assiste--se ainda ao regresso do corpo – mas um corpo fragmentado, traumatizado, hibidrizado. Nessa medida "Anos 80: Uma Topologia" apresenta – em contradição com algumas das leituras comuns na década – uma perspectiva particular e partidária sobre um período rico em obras enformadas por referências críticas à arte mais avançada dos anos 60 e 70 (e não o seu desprezo ou a sua rejeição), criando novas constelações com base em precedentes da história recente."

Foi você que pediu um sorriso



desta mulher?

18 dezembro 2006

Pronto, lá ficou o bichinho acordado!

Poucas coisas na vida são tão boas como um palco. Ou tão assustadoras...
E agora, miúda?

11 dezembro 2006

Afinal foi só um arrufo...


SOMOS TODOS ARGUIDOS

Para Pinochet não houve tempo ou oportunidade... mas não se pense que os tribunais não fazem nada.


Para Duran Clemente (um dos militares do MFA) e João Almeida, que cometeram o hediondo crime de participar numa concentração pacífica vai haver julgamento amanhã. Como se pode ver pelas fotografias, trata-se de umas dezenas de perigosíssimos facínoras da pior espécie (ó p'ra mim lá ao fundo), envolvidos em actividades suspeitas e subversivas do piorio.
É por esta concentração de várias dezenas, que duas pessoas vão ser julgadas, duas pessoas escolhidas ao acaso entre os presentes, apenas porque foram eles que conversaram com os dois agentes à paisana que apareceram.
Ficámos sem saber quel era a parte proibida da coisa, uma concentração devia ser coisa normal em países democráticos, mas aparentemente é proibido por ESTA democracia.


Amanhã não vou poder estar, mas deixo aqui a minha solidariedade, como já deixei nos abaixo-assinados que assinei, e na manifestação do 5 de Outubro deste ano.

Eu também lá estive, a 5 de Outubro de 2005, por isso também sou arguida.

Morreu Pinochet, sem julgamento

Perdeu a Justiça, em quem deveríamos poder confiar para nos proteger. O ditador morreu descansado no Hospital, com extrema-unção, perdão Divino e tudo incluído (os papéis a que a Igreja se presta...).
Sem uma Justiça de confiança, perdemos todos, sabendo que os piores crimes ficam impunes.


Penso nas famílias dos mortos e desaparecidos, que não puderam e não poderão fazer o luto dos seus familiares, e que agora também não vão ter Justiça por tudo o que Pinochet lhes fez. Penso no sofrimento dos presos e torturados, nas frigideiras do Atacama, nas crianças arrancadas às famílias e educadas por facínoras para odiar os próprios pais. É para eles que vai hoje o meu pesar.

08 dezembro 2006

De vigarista a carteirista

Primeiro havia um contrato escrito, coisa séria, com assinaturas e tudo, carimbos e tudo o mais de costume em contratos sérios com o Estado de um país.
Horário extraordinário é pago a preço de horas extraordinárias. Parece normal para qualquer contratado... Tarefas adicionais levam uma tarifa adicional. Nada de estranho...

Depois, sem o pré-aviso normal e exigido legalmente para a cessação de contrato, lá se vai o pagamento das horas extraordinárias: o pagamento, não as horas nem as tarefas. Uma das partes não cumpre o contrato.

Mas não lhe chega. Nesse país as leis não podem ter efeitos retroactivos. Certíssimo. Mas este contratante Estado, porque pode, quebra o contrato e ainda vai à carteira do outro contratante buscar os pagamentos que já tinham sido feitos dentro do contrato válido, e antes de qualquer anúncio de incumprimento.


Até a Fenprof se viu aflita para comentar tal coisa. É que perante tamanho descaramento não há mais que dizer. Um roubo é um roubo, não há comentário que lhe valha. Se fosse no Metro ía dentro, como é no gabinete do MNE, fica tudo bem...

Os mais mentirosos

"Portugal entre países com menos subornos"

Hoje os títulos eram mais ou menos parecidos a este por todo o lado. O que na verdade a notícia diz é que os portugueses acham (para efeitos de inquérito e não de conversa de café) que Portugal é dos menos corruptos do mundo.

Os portugueses pelos vistos também são mentirosos, mas isso não vinha no inquérito...


Nota: não sabia que a Madeira já era independente e que o Porto era mesmo uma nação (só para citar dois exemplos: um por ser bem fresquinho e outro pela antiguidade e insistência).

06 dezembro 2006

À terceira, e ainda não foi de vez

Pinochet foi um sanguinário sem dó nem piedade. Agora está na moda branqueá-lo e ter pena por ser "velhinho" e "coitadinho" e sei lá mais o quê. Chamam-lhe "razões humanitárias".
Ora na realidade, um sanguinário é, por definição, um sanguinário.

Mais uma vez, bastou-lhe invocar razões de saúde, fazer o teatro do "ai, que estou muito mal", e pronto. Saiu em liberdade num só dia, sem qualquer problema. Tira-se assim uma pena domiciliária (que em comparação com os crimes cometidos nem era nada) por uma fita mal montada. Hoje de manhã a filha já teve a lata de vir para os jornais muito contente a fingir que o pai tinha melhorado muito numas horitas de noite.


O Spectrum tem estado a pôr caras e vidas por detrás dos números que conhecemos dos desaparecidos e mortos pelo ditador Pinochet. Vale bem a visita!

05 dezembro 2006

The power of the cat

Woody Allen disse algures num dos seus filmes que a humanidade (ou os norte-americanos o que vai a dar no mesmo) se dividia entre aqueles que gostam de música country e aqueles que não gostam


.

Então e onde ficam os que gostam da Chan Marshall?

02 dezembro 2006

Funeral Sentences
Henry Purcell

1. Man that is born of a woman
2. In the midst of life
3. Thou knowest, Lord

Por:
Emily Van Evera, Timothy Wilson, John Mark Ainsley, Charles Daniels, David Thomas,
Taverner Consort, Taverner Choir, Taverner Players,
Andrew Parrott

01 dezembro 2006

O inconcebível...

É quando nós somos "os outros". Quando nos acontece o que só acontece aos "outros".
É inconcebível ver uma mãe enterrar o filho.
Perder um amigo, pensar que ele não vai voltar, não vai telefonar a perguntar pelo P. é inconcebível.