30 novembro 2007

Antes água do cano de chumbo



As Panteras Rosa fizeram uma campanha de apoio à campanha da cerveja Tagus (que já nos habituou a publicidades sexistas- são anormalmente típicas em Portugal- e agora ultrapassou todos os limites que a inteligência humana ainda concede por estes dias)

28 novembro 2007

Fátima Bonifácio

Fátima Bonifácio, convidada na Câmara Clara, afirma que lhe cabe a função, enquanto
historiadora, de descobrir ou perceber o que pensavam os homens em determinado momento no passado. Será mais a de perceber o que pensamos no presente sobre determinado momento no passado. E só assim faz sentido. Determinar que conjunto de valores se projectam no olhar do presente sobre o passado é o que temos ao nosso alcançe. Quando a mesma Fátima Bonifácio põe no mesmo saco Nazismo e Luta de Classes não está a fazer outra coisa que a perspectivar os seus códigos de valores e entendimentos (claramente discutíveis). Ao afirmar aquela função para si enquanto historiadora está, nitidamente, a atribuir-se-ou a querer- aos seus discursos uma cientificidade inquestionável, sabendo todos que longe está de o não ser. Faz lembrar aquele discurso positivista (falso) da objectividadedo. Gosto e acho que deviamos querer aqueles que dizem ao que vêm.

25 novembro 2007

Faz-se o que se pode

Mário Soares disse, em entrevista à TSF e DN, que o PS devia virar mais para a esquerda. Vitalino Canas responde Faz-se o que se pode

20 novembro 2007

Não passes por mim no Terreiro do Paço


Quando começou a iniciativa Terreiro do Paço aos domingos sem carros experimentei apanhar um autocarro e demorei 50 minutos a chegar ao mesmo lugar onde de carro demoraria 10. Creio que esta deve ser a razão mais forte pelo uso intenso do carro em Lisboa. A maioria dos percursos demora quase o triplo do tempo a fazer de transportes públicos e se a gasolina é mais cara o tempo que se poupa tem um preço bem elevado. Depois e o mais importante, porque é que o Terreiro do Paço não há-de ter carros ao domingo?Fechar ao trânsito automóvel alguns bairros tradicionais-também-chamados-históricos parece que deu resultados positivos, fechar a baixa ou parte dela também parece ou pode ser ideia interessante. Agora o interesse que tem para viver a pé ou de bicicleta a cidade os carros desviarem-se (com filas de meia-hora) de uma praça aos domingos é nulo. E o Terreiro do Paço é um enorme, espectacular, simbólico espaço aberto, espaço vazio que cumpre uma função com esse vazio (como bem sublinharam Walter Rossa e Diogo Lopes, Público 6/11). E que através dele deviamos chegar ao rio ou à cidade se o virmos do rio e não chegamos porque os tapumes junto à linha de água são a marca de Lisboa há tempo demasiado. E nele até podemos ter uma árvore gigante de natal- que é muito mais bonita vista ao longe ou de passagem-ou um assador gigante ou um arraial gay- muito mais conseguido nos paços do Concelho ou mesmo no Parque do Calhau- mas isto são ocupações/usos eventuais e não uma tentativa de ocupar em permanência um espaço não vocacionado para esse fim. Sr. António Costa, há tantos acontecimentos em tantos espaços na capital aos domingos, porque não apoiá-los?

9 anos depois

Abdullah Ocalan viu comatada a sua pena de morte em prisão perpétua, por pressões internacionais sobre a Turquia que acabou entretanto, também, por reconhecer oficialmente a zona curda dentro do seu país, tendo sido formado um governo local mas com fortes restrições -a língua curda, por exemplo, pode ser falada e ensinada mas não no ensino oficial. O PKK foi considerado uma força terrorista por EUA e UE o que tem dado motivos à Turquia para fazer incusões destrutivas nas aldeias curdas como têm dado conta as reportagens que José Rodrigues dos Santos fez no local nas últimas semanas. Nelas, também se dá conta da enorme expectativa que curdos têm na entrada da Turquia na UE, esperando com isso ver garantidas algumas elementares liberdades.

07 novembro 2007

O nacionalismo social (fim)

A 7 de Novembro de 1978 25 pessoas reúnem-se e fundam o PKK . A 12 de Setembro 1980 dá-se um golpe militar na Turquia levando à criação de uma Junta de governo de generais. Esta Junta lança um ataque maciço e prende centenas de pessoas, grupos políticos turcos são obrigados a emigrar para a Europa.
Em 15 de Agosto de 1984 o PKK inicia a luta armada, através do ARGK, Braço de Libertação Armado do Povo, que contou logo desde o início com cerca de cinco mil combatentes, homens e mulheres (a luta pela emancipação da mulher faz parte do programa do partido). Esta luta levou à morte cerca de 35 mil pessoas. até hoje. Confrontado com a acusação de terrorismo o PKK diz ter sido a isso obrigado pela Turquia que não lhe deixou outra alternativa. A não ser a liquidação do seu povo. Na Turquia vivem 12 milhões de curdos, num conjunto de cerca de 25 milhões (incluindo os que vivem na Europa), representam cerca de 10% da população nesse país, que não os reconhece como grupo étnico minoritário e subsequentemente não reconhece a sua língua, a sua cultura, a sua história. Entre os guerrilheiros das montanhas encontram-se muitos estudantes universitários, inclusive estudantes de nacionalidades europeias. É também nos estudantes que o PKK procura as suas grandes bases de apoio enviando militantes para Universidades de todo o mundo a fim de aprenderem línguas e poderem defender a outro nível a nacionalidade
Mantêm ao mesmo tempo um contacto muito estreito com os camponeses e as classes mais pobres, que são o seu principal suporte. A queda do bloco soviético não perturbou a sua acção antes têm conseguido estreitar os laços com os partidos e movimentos de todo o Curdistão bem como com organizações internacionais. Criaram delegações em vários países ocidentais, que funcionam como embaixadas diplomáticas. Formaram, inclusive, um governo em exílio, eleito por um Parlamento de 300 pessoas de todo o Curdistão. Têm, ou dão apoio não explícito, à primeira televisão curda (MED_TV), sediada em Bruxelas, que é vítima de constantes ataques. Este órgão permitiu pela primeira vez aos milhares de curdos espalhados pela Europa ter contacto com a sua cultura bem como aos curdos de todo o Curdistão. Constitui uma forma inequívoca de fazer com que os curdos entendam que são os mesmo vivendo na Síria, no Irão, no Iraque ou na Turquia, ou seja, não sendo os mesmos partilham de uma mesma matriz cultural que identificam claramente.
O nacionalismo curdo não sobreviveria nem atingiria tamanhas proporções se se tratasse de uma ilusão ou de uma simples reacção às perseguições que têm sido perpetradas contra este povo nos últimos anos, embora seja óbvio que elas contribuem também de forma inequívoca para o exacerbamento deste nacionalismo
“Em termos militares, a independência dos Estados pequenos depende de uma ordem internacional, qualquer que seja a sua natureza. Que os proteja de vizinhos mais fortes e predatórios, como o demonstrou de imediato o Médio Oriente após o final do equilíbrio das superpotências.(...) O estabelecimento de mais alguns Estados pequenos iria somente aumentar o número de entidades políticas inseguras”.
Talvez possamos concordar com Hobsbawm, que os movimentos nacionais já não façam parte da dinâmica actual da História, como um programa político que foi nos séculos XVIII e XIX. “ É, no máximo, um factor de complicação, ou um catalisador para outros desenvolvimentos”. O outro desenvolvimento é neste caso a ideia nacional não como “a derradeira garantia” mas como a rejeição de um modelo de sociedade predatória que faça necessariamente dos pequenos os limites da exploração.



Hobsbawm, Eric, Idem, p.174.
Ibidem, p.180.
Ibidem, p. 165.

Josina Almeida, O Nacionalismo Curdo à luz de Hobsbawm - História dos Nacionalismos, FLUL, 1998

05 novembro 2007

Passa a outro e não ao mesmo

A Ana Cláudia passou-nos este meme (!): pegar no calhamaço mais próximo, transcrever a quinta frase completa da página 161, depois contaminar outros cinco blogueiros.
"-Oh! Tivesse eu os meus preciosos olhos, para poder contemplar o seu rosto!- exclamaram eles ao mesmo tempo"
William Beckford, A corte de D. Maria I, Frenesi
retirado dos seus escritos de viagem Italy with sketches from Spain and Portugal
E como é delicioso, e se recomenda a todos quantos partilham o interesse pela história da cidade de Lisboa e arredores no século XVIII, transcrevo também a 6ª frase:
"Foi crescendo assim o dueto com o tempo,e coxos, mancos e sarnentos, atando os ensebados barretes no extremo de compridas varas, meteram-nos pelas grades da varanda, clamando e voz alta:-Esmola pelo amor do Santo de Lisboa!"
Passo a bola à Ana e à Inês, ao Venus as a boy , à Rita e à Helena Romão

02 novembro 2007

Pobres casados

A Associação de Famílias Numerosas tem vindo há cerca de oito anos a reclamar a equiparação a pais casados ao que já existe para pais separados ou divorciados em termos de regimes de isenção em sede de IRS. O seu presidente João Castro, esta semana, em entrevista à Rádio Europa, diz já contar com o apoio do CDS e do BE. E diz também o seguinte: “os pais que se separam têm um aumento de qualidade de vida entre 10 a 20% “ porque podem isentar mais ou menos esta percentagem a mais com as despesas dos seus filhos. Já conhecemos mais ou menos esta Associação e as preocupações que tem pela (sua) natalidade mas vir sugerir o contrário do que é do mais senso comum - um dos constrangimentos do divórcio não é a questão económica? - e receber o apoio de partidos como o BE já é um bocadinho de abuso. Diz ainda o sr. João Castro: “o alargamento do horário escolar não é uma política para a família. Porque a família está separada.” Não nos disse quantos filhos tem o sr. João Castro e quantas vezes ia multiplicar o valor a deduzir em sede de IRS mas com a ausência de preocupação sobre a ridícula rede do pré-escolar e com esta frase lapidar percebemos o que realmente importa a esta Associação

31 outubro 2007

O nacionalismo social (1)


“Devemos concordar com Gellner que o aparente domínio ideológico universal do nacionalismo actual é uma espécie de ilusão óptica. Um mundo de nações não pode existir, apenas um mundo onde alguns potenciais grupos nacionais, ao reivindicarem este estatuto, excluam outros de fazerem reivindicações similares, o que, como acontece, poucos fazem.”[1] De facto, analisando as pretensões actuais do PKK e do seu programa político podemos afirmar como Hobsbawm que o nacionalismo pela “ sua própria ambiguidade e falta de conteúdo programático dá-lhe apoio potencialmente universal na sua própria comunidade”.[2] Ou seja, não é de nações que estamos a falar, já que esse mundo não existe mas sim de circunstâncias propiciadoras ou favoráveis ao aparecimento da ideia nacional. O que é um facto é que a ideia ou reivindicação nacional está no caso dos curdos aliada à existência de uma comunidade, que, se não está unida pela língua, ou religião ou politicamente, está, genericamente, unida pelo sentimento de pertença a uma comunidade e pela vontade de fazer coincidir essa identidade com um território político. Não existe como nação porque não cumpriu, no fundamental, um dos critérios, que é a força militar e imperialista, usados ainda hoje (não de forma absoluta) para a legitimação ou reconhecimento de países, independentemente do facto de serem ou não uma nação.
Cabia-nos fazer a análise desse universo abstracto que é a nacionalidade e averiguar, para este caso, o seu conteúdo concreto. Não podemos incluir este movimento, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, ( PKK, fundado oficialmente em 1978, embora as suas origens remontem a 1973) no mesmo saco daquilo que Hobsbawm considera nacionalismos mascarados de roupagem social e se confinam realmente à luta pela independência do país. Como é o caso de alguns países chamados do Terceiro Mundo, especialmente após a Descolonização. e o fim da II Grande Guerra. Era uma boa forma de arranjar apoios internacionais junto do Komintern, por exemplo; fazer aderir as pessoas a uma causa que consideravam imediata, os problemas sociais reais da sua vida, identificando o problema com opressor, invasor, ocupante, o que for. “ Até que ponto podem os novos movimentos anti-imperialistas ser considerados nacionalistas, é uma questão que está longe de estar esclarecida (...) ampla sobreposição dos apelos de descontentamento nacional e social, que Lenine, com a sua habitual rápida percepção das realidades políticas, transformaria num dos alicerces da política comunista no mundo colonial (...) A combinação das exigências sociais e nacionais, em geral, provou ser muitíssimo mais eficaz como mobilizadora da independência”.[3]
O movimento nacional, qualquer que seja, existe na identificação de um Outro. Neste caso, o(s) outro(s) é responsável por uma ocupação violenta, e pela exploração económica dos curdos. Tanto que no programa do Partido dos Trabalhadores do Curdistão, partido de raiz marxista-leninista, são apontados dois objectivos: a revolução democrática e a independência do Curdistão. Reconhecem que isto não será possível sem a mudança de regime na Turquia e defendem, por isso, a mesma revolução democrática na Turquia como condição indispensável para a sua independência. “The Kurdish national liberation movement uses the term “nation” to represent a people with a shared language, culture, history, and territory. In this sense the term is closely tied to social relations and must be looked at in its historical context, in contrast to burgeois concept of “nation”, in wich the nation is separeted from the social relations and is not judged according to its historical creation and development.”[4]
Na Síria, quando os árabes tomaram o poder depois da breve permanência francesa, não reconheceram como cidadãos daquele país os curdos que viviam na região. Tentaram depois estabelecer na mesma região sírios, política que foram obrigados a abandonar. No sul do Curdistão, o Iraque segue a mesma política de ocupação da Turquia. Uma revolta do KDP, Partido Democrata Curdo em 1974 foi derrotada. E o Iraque prossegue a sua política de ocupação, sendo noticiado em 1980 uma campanha genocida que levou à morte cerca de 200 mil curdos e ao deslocamento forçado de cerca de meio milhão. Estes mesmos curdos foram utilizados barbaramente durante a Guerra do Golfo por ambas as partes, tanto os Aliados, ao criarem a zona aérea de segurança que depois usaram não para proteger os curdos refugiados mas para ocupar militarmente a área, como pelo regime de Hussein que os utilizou como escudos contra os ataques aéreos. No meio desta situação os curdos dividiram-se , o KDP pensou estar a independência assegurada se apoiasse os americanos, depois recuou e apoiou o Iraque para conseguir obter apoio contra o PUK, União Patriótica do Curdistão, partido rival com quem se degladiam em intermináveis guerras civis.
No Irão, aquando da invasão durante a II Guerra Mundial pelo exército vermelho pelo norte e britânicos pelo sul, os curdos, e habitantes do Azerbaijão declararam as suas próprias repúblicas, com o apoio do exército soviético. Quando este exército retira, as duas repúblicas são destruídas pelo xá. Actualmente os curdos que vivem no Irão não têm qualquer vínculo ou semelhança com a sociedade iraniana.
O PKK diz ter aparecido na Turquia porque o KDP não representava senão os interesses de uma pequena burguesia, pautava-se por uma resistência regional e localizada sem noção do conjunto que representava o Curdistão. Desde 1938, com a derrota curda na revolta de Dersim, a ocupação turca ficou completa, iniciando-se um período de construção de estradas pelo governo turco direccionadas essencialmente para os locais curdos ricos em minérios. A formação do grupo do futuro PKK remonta a 1973, quando o seu líder estudava Ciências Políticas na Universidade de Ancara. A ele se juntaram outros estudantes de origem curda, estudantes que militavam em partidos turcos, e em associações orientais. Este grupo iniciou as suas actividades junto do núcleo de estudantes AYOD, Ancara University Student Union, que se transformou no local de reunião dos estudantes anti-regime. Dos grupo de debate saiu a resolução de tomada de acção em torno da questão curda; Abdullah Ocalan, Cemil Bavyk, Kemal Pir, Hakki Karer e Ali Haydar Kaytan seriam os primeiros do movimento e dirigiram-se cada um a vários pontos do Curdistão a fim de se aproximarem, numa primeira abordagem aos estudantes, da população curda. Em 1977 estas jornadas de propaganda pessoal deram os frutos num encontro que reuniu 100 representações de grupos profissionais que fizeram o balanço das actividades até ali desenvolvidas e estabeleceram os objectivos futuros daquele grupo político. Durante este período a polícia secreta no Curdistão (MIT) preparou a eliminação deste grupo assassinando Kemal Pir e Hakki Karer. Este tipo de acção por parte da polícia turca demonstrou que seria impossível a revisão da questão curda dentro de um quadro legal e reformador. Em 1977 Abdullah Ocalan escreve o manifesto “ The National Road to the Kurdish Revolution”, que se transformou na base ideológica do futuro PKK.
[1] Ibidem, p.171.
[2] Ibidem, p.168.
[3] Hobsbawm, Eric, Ibidem, p. 117.
[4] Nationalism And The Kurdish National Liberation Movement, Kurdish Information Bureau, Cologne, Março de 1995.

26 outubro 2007

Emergência do Nacionalismo Curdo



Se seguirmos alguns autores[1] que se debruçaram sobre a história curda, podemos situar a questão da nacionalidade como dinâmica do seu desenvolvimento no período que se seguiu ao fim da I Grande Guerra. De facto, este período foi pródigo, no velho continente, em movimentos nacionais, bem como na constituição de novas fronteiras. Este período é considerado actualmente pelos curdos como a melhor oportunidade que houve para a constituição daquilo que esperariam vir a ser o Estado Curdo. A análise do PKK sobre a não rectificação deste ponto no Tratado de Lausanne incide sobre a própria estrutura da sociedade curda, que, dado o seu arcaísmo, a sua organização em famílias ou clãs que sustinham hierarquicamente uma sociedade baseada em actividades do sector primário, aliado a uma história milenar de ocupação que transformou o Curdistão em campo de batalha de persas e otomanos, não permitiu que esta sociedade tão desorganizada pudesse aproveitar da especial circunstância de não haver, durante esta altura, potências com capacidades de ocupação ou estabelecimento na região.
“ The Sheikh Said rebellion, then, was a prototype of a post-World War I nationalist rebellion. Its weakness were the usual ones: inter-tribal rivalry and Sunni-Shi‘i differences (...) These cleavages were exacerbated by the Naksibandi/non Naksibandi differences as well. These, rather than the differences between Zaza and non-Zaza speakers, played an important role in the evolution of the rebellion and in the growth of Kurdish nationalism. Urban-rural cleavages, tribal-peasant and landowner-tribal hostilities, and antithetical secular- religious orientations among its leaders all contributed to its lack of success.”[2]
A revolta do Sheikh Said liderada pela cidade de Azadi de 1921 a 1925, foi entendida até aqui pela maior parte dos autores ocidentais e orientais, como uma rebelião reaccionária contra as reformas seculares do novo Estado turco. Uma resistência religiosa, liderada por Sheikhs , ou seja, por uma elite, que beneficiava da falta de um poder centralizado. Poder que crescia pela necessidade de modernização do Estado turco, ou seja, para que este pudesse acompanhar o desenvolvimento económico imposto pelas potências vencedoras da I Grande Guerra. “ As exigências técnicas do moderno Estado administrativo ajudaram, uma vez mais, a alimentar a emergência do nacionalismo”.[3]
Segundo a perspectiva dos autores que estudaram a revolta de Sheikh Said, ela constitui um ponto de viragem no discurso curdo e é mais do que uma reacção imediata às medidas centralizadoras do recém Estado turco. É a primeira manifestação numa escala significativa do nacionalismo curdo. “ Martin van Bruinessen, the only scholar who has studied the rebellion in detail, has stated emphatically that “the primary aim of both ( Sheikh Said and the Azadi leaders) was the establishment of na independent Kurdistan.” Sheikh Said is an example of a man who was simultaneously an ardent nationalist and a committed believer “.[4] Embora múltiplos interesses pudessem ocultar-se melhor ou pior na revolta de Sheikh Said, como a necessidade de proteger terras e direitos sobre populações ( hipoteticamente até mais pesados do que se fossem garantidos pelos turcos); a não aceitação da abolição do califado, a verdade é que daí em diante, na revolta de Zeylan ( 1930) e de Agri ( 1926-1932) por exemplo, os slogans nacionais iriam ser utilizados em abundância. E é também um facto de que a vontade ou o sentimento da constituição de uma nação traduzem-se, geralmente, num discurso de elite. “ (...) independentemente da natureza dos grupos sociais captados pela “consciência nacional”, as massas populares –os trabalhadores, os empregados, os camponeses –são os últimos a serem afectados por ela”.[5] Mas o mesmo autor também diz que é um “ fenómeno dual, construído essencialmente a partir do topo, mas não pode ser compreendido se não for analisado igualmente a partir da base, isto é, em termos das associações, das esperanças, necessidades, desejos e interesses do povo, não sendo estes necessariamente nacionais nem nacionalistas”.[6]
Para Robert Olson a revolta de Sheikh Said reveste-se de importância fundamental para compreender a evolução política do novo regime na Turquia. De facto, para a supressão desta revolta alargada, no tempo e no espaço (os sheikhs não deixaram de ter contacto com outros pontos de rebelião, nomeadamente no Iraque e em Istambul), a Turquia construiu um manancial de instrumentos que acabaram por ser usados na consolidação do novo regime e na liquidação da oposição interna ao governo kemalista. “ The point that I wish to make here is that the machinery to facilitate the crushing of the opposition both politically and legally was put into place in the effort to suppress the Sheikh Said rebellion. Ironically, many of those sentenced to death in the Izmir plot [conspiração para assassinar Mustafa Kemal] had voted for the very independence tribunals to which they fell victim. While the Kemalists had to wait until the purges of June-July 1926, nearly a year after the suppression of the Sheikh Said rebellion, to rid themselves of remaining opposition, the formal and organized opposition as represented by the Progressive Republican party was eliminated when the party was banned on June 3 in 1925”.[7]
O nacionalismo curdo chocava assim num outro, o turco, mais poderoso e com mais possibilidade de sucesso dado o seu carácter abrangente; o nacionalismo curdo reivindicava uma nação curda, ao contrário da nação turca, que abrangia aquela. “(...) a construção de nações foi vista inevitavelmente como um processo de expansão (...) era aceite, em teoria, que a evolução social expandia a escala das unidades sociais e humanas de família e tribo para país e cantão, do local para o regional, o nacional e, eventualmente, o global (...) isto queria dizer que se esperava que os movimentos nacionais fossem movimentos para a unificação ou expansão nacional (...) a heterogeneidade nacional dos Estados-nação era aceite, acima de tudo, porque parecia evidente que as pequenas nacionalidades, e especialmente as pequenas e atrasadas, teriam tudo a ganhar se se unissem a outras nações e, através destas, dessem os seus contributos à humanidade”.[8] Esta era uma ideia liberal de nação, mas subsiste e perpassa o espírito wilsoniano do pós guerra. Não se quer com isto dizer que o não reconhecimento da nação curda se deveu a este espírito mas somente referir que o nacionalismo turco era mais poderoso pelo seu carácter unitário. Também se pode daqui inferir que o nacionalismo curdo, contextualizado historicamente, se deveu, como deve, actualmente, ao confronto com o nacionalismo turco, que, se não inventou a nação curda, foi, no entanto, responsável pela sua dinamização. A isto não deve ser alheio o facto de ser precisamente na Turquia que se desenvolveu e desenvolve o mais consistente e sistemático pólo de resistência curda (é esta também a zona mais desenvolvida do Curdistão), apesar dos curdos identificarem e reivindicarem como o Curdistão um território que abrange, para além de boa parte da Turquia, parte da Síria, do Iraque e do Irão. Território que coincide com a permanência do povo curdo ao longo da História. Mas antes do nacionalismo turco também é verdade que “na era clássica do liberalismo poucos deles, fora do Império Otomano, realmente pareciam fazer reivindicações de reconhecimento como Estados soberanos independentes, distintas de reivindicações de vários tipos de autonomia (...) Não seria de mais dizer que, a partir de 1871 – exceptuando sempre a lenta desintegração do Império Otomano -, poucas pessoas esperavam mais algumas mudanças substanciais no mapa da Europa”.[9]
A revolta de Sheikh Said demonstrou uma força militar curda considerável, devida ao contacto com a novas armas e tecnologias bélicas quando participaram nos exércitos otomanos, persas e britânicos. No entanto esta vantagem não foi acompanhada da força da diplomacia, igualmente moderna. Demonstrou também uma enorme vulnerabilidade política e no terreno dado o desaparecimento dos Arménios, que haviam constituído uma espécie de estado-tampão. Ironicamente os curdos tinham participado na deportação e massacre turco deste povo.( desde 1915). “ (...) A expulsão em massa e até mesmo o genocídio surgiram perante todos nas margens do Sul da Europa, durante e após a I Guerra Mundial, quando os Turcos começaram a extirpação em massa dos Arménios em 1915 e após a guerra grego-turca de 1922 ter expulsado entre 1,3 a 1,5 milhões de gregos da Ásia Menor, onde tinham vivido desde os tempos de Homero”.[10] A migração em massa foi um dos fenómenos marcantes do período pelo nível até aí nunca verificado. A diáspora de povos serviu também para acalentar fortes sentimentos nacionais.
Outro agente importante a ter em conta na rebelião de Sheikh Said e na sua subsequente repressão foi o império britânico e a sua tentativa de controlo no Médio Oriente depois da I Grande Guerra. De 1922 a 1925 levam a cabo inúmeros bombardeamentos aéreos sobre curdos e árabes no norte do Iraque. Ataques aéreos que repetirão no Sudão, e na Palestina, por exemplo, demonstrando o seu poderio bélico que acompanhava anseios colonizadores daquelas regiões. A Turquia retira deste tipo de acção um exemplo prático para a sua acção de domínio na região, adquirindo extenso material aéreo e varrendo os ares em inúmeros ataques pelo Curdistão.

[1] Como Robert Olson, Erik Jan Zurcher, Metin Toker.
[2] Olson, Robert, “The emergence of Kurdish Nationalism and the Sheik Said Rebellion, 1880-1925”( conclusion), Austin, University of Texas Press, [ s.d.].
[3] Hobsbawm, Eric, A Questão do Nacionalismo, nações e nacionalismo desde 1780, Lisboa, Terramar, 1998 ( edição original 1990), p.94.
[4] Olson, Robert, Idem.
[5] Hobsbawm, Eric, Idem, p.15.
[6] Ibidem, p.14.
[7] Oslom, Robert, Ibidem.
[8] Hobsbawm, Eric, Idem, pp. 32-34.
[9] Hobsbawm, Eric, Idem, p.37 e p.41.
[10] Ibidem, p.129.

23 outubro 2007

CURDISTÃO


"O Curdistão não existe. É um país inventado pelos curdos."
Alberta Marques Fernandes, jornal2, 22-10-07





As notícias vindas a público nos últimos dias dão conta de uns rebeldes pertencentes a uma organização "considerada terrorista" pela UE e pelos EUA, o PKK. Acho interessante que não seja dito liminarmente terrorista, já que é entendida assim pelo mundo civilizado. Talvez o PKK seja apresentado como organização considerada terrorista porque há menos de uma década tinha relações diplomáticas com grande parte do mundo, tinha uma estação de tv em Londres a emitir para toda a Europa na língua curda-falada por milhões e não reconhecida pela Turquia.
As notícias dão-nos conta também de um ataque do PKK a uma coluna militar turca causando algumas baixas no exército deste país. Não se diz o que estava a fazer e para onde ia a coluna militar turca. Ataque que terá gerado a vontade da Turquia em fazer uma incursão no norte do Iraque para eliminiar os focos rebeldes.
O que siginifica uma língua comum, uma cultura e história conjuntas, uma religião comum, um sentimento identitário de pertença a um conjunto histórico-cultural? Sem fronteiras políticas nem interlocutoes que forçassem a sua pertença no concerto das nações para as impôr no fim do império turco-otomano o Curdistão ficou didivido entre quatro países e desde essa altura se tem batido, com inúmeros agentes em que o PKK assume um papel preponderante, pelo reconhecimento da sua identidade cultural bem como pelo reconhecimento das suas froteiras e nacionalidade.
Apresento em baixo -em alguns capítulos- um trabalho feito em 1998 sobre a emergência do nacionalismo curdo.
Fica também o link para um texto de Miguel Portas depois de visitar o Curdistão em 2005

Curdistão - Sintese Histórica

O mais antigo testemunho de uma cultura unificada entre os povos que habitam as montanhas do Curdistão remonta ao período da cultura Halaf, cerca de 6000 ac. A distribuição dos vasos que identificam este tipo de cultura e o território onde hoje se estabelece a maioria do povo curdo é quase idêntica. “ James Melaart, better known for is escavation of Catal Huyuk, found many of the motifs and composite designs present on Halaf pottery and figurines still extant in textile and decorative designs of the modern Kurds who now inhabit the same excavated Halafian sites.” A unificação deste tipo de cultura ficar-se-á a dever a constantes migrações pressionadas pela forte densidade demográfica, e pelo desenvolvimento de actividades económicas ligadas ao nomadismo, característica das populações entre o Tauro e o Zargos. Cerca de 5300 ac. a cultura de Ubeid expande-se nesta zona e na Mesopotâmia durante cerca de mil anos. É deste período que nascem os nomes das principais cidades sumérias e os nomes dos rios Tigre e Eufrates. Cerca de 4300 ac. os Hurritas chegam a esta região estabelecendo nova hegemonia donde herdam os curdos nova unificação e identidade. “ The fundamental legacy of the Hurrians to the present culture of the Kurds is manifest in the realm of religion, mythology, martial arts, and even genetics. Nearly two-thirds of Kurdish tribal, topological and urban names are also likely of Hurrians origin (...) By the end of the Hurrian period, Kurdistan seems to have been culturally and ethically homogeneized to form a single civilazation wich as such by neighboring cultures and peoples.”
No ano 2000 ac. os povos indo-europeus como os Hititas e os Mitânios chegam ao sudoeste asiático, estes últimos fixam-se no Curdistão Podem ter sido responsáveis pela introdução de tradições do Índico na religião Yasnadista. No entanto é cerca de 1200 ac. que os povos indo-europeus varrem esta zona com maior incidência, nomeadamente os Arménios, os Persas, os Sármatas, etc. Estes povos empurraram os povos das montanhas para o sul do Zargos. “ As early as the 3rd century BC, the Cyrtii ( “Kurti”) are reported by Greek, and later by Roman authors. To inhabit as much the southern ( Persia or Pars/Fars) as the central and northern Zagros ( Kurdistan proper). This was to continue for another millenium, when early Islamic sources also enumerate tens of Kurdish tribes in the southern Zagros (...) While many hypotheses have been advanced to connect the ethnic name “Kurd” to that of the ancient Hurrian Qutils ( Hallo, 1971) or the Khardukhoi ( Carduchoi) of the Greek historian Xenophon ( Cawkell, 1979), none have much merit. Whatever the roots, there is evidence to push the origin of the word “Kurd” back at least to the early 4th millennium BC, if not earlier.”
Os árabes ocupam toda esta área a partir do século sétimo e no século X árabes e curdos vivem conjuntamente. No século seguinte assiste-se à chegada de turcos que se convertem ao islamismo e tornam-se senhores destas regiões. É provável que os curdos tenham sobrevivido a uma assimilação devido ao nomadismo das suas tribos, mesmo assim são muitas que preservam nomes turcos como por exemplo Karachul, Chol, Devalu, Oghaz, são, no entanto os nomes e pouco mais da permanência cultural de turcos Seljucidas No século XVI as guerras entre Persas e Otomanos, tiveram impacto importante na vida de Curdos e Arménios. A partir daqui o Curdistão ficou dividido entre os Safáfidas e o Império Otomano. O nomadismo assume característica plena e indissociável na economia destes povos. Actualmente três quartos dos curdos fala o dialecto dos Kurmanji, a tribo nómada mais recuada a quem se ficou a dever a sobrevivência da cultura curda durante as migrações árabes e turcas, e a quem grande parte dos curdos após a invasão do Império Otomano vai ser obrigado a juntar-se. Com particularismos e adaptações próprias derivadas de múltiplas influências a maior parte dos curdos é hoje, no entanto, muçulmana. Cerca de 75% são membros da corrente sunnita, cerca de quatro milhões são shiitas, principalmente os que vivem no Irão. Os restantes curdos seguem vários cultos ancestrais, o Yezidismo, por exemplo que comporta tradições judaicas, cristãs, islâmicas, zoroastrianas. Embora minoritários os Yezidistas são uma fonte de orgulho, pela tradição que transportam, para curdos de outras religiões.
A princípio o Império Turco-Otomano deixou alguma autonomia aos poderes locais curdos, mas a partir do século XVIII, a perda de poder do Império Otomano obrigou-o a pressionar os territórios em seu poder, quer militar, quer económica ou fiscalmente. Na área de influência que era controlada pelos sheikes do futuro Irão, instituiu-se uma espécie de governo autónomo baseado em dinastias locais de tipo feudal. O Curdistão transformou-se num campo de batalha entre estes dois poderes e manteve-se, desta forma, dividido.
No século XIX a força do Império Otomano está em crescente declínio, com o desenvolvimento do capitalismo na Europa Ocidental e as suas necessidades de domínio sobre outras partes do mundo. Durante este período as necessidade fiscais e económicas recaem sobre a zona do Curdistão com especial violência e intensidade. Verificaram-se rebeliões contra o poder otomano por parte dos poderes locais, apoiadas por famílias que perdiam assim o controle que tinham sobre certas regiões, este poder ia desde a aplicação da justiça, do fisco até ao controle das actividades económicas. Não era assim uma rebelião nacionalista como acontecia na mesma altura em vários pontos da Europa, mas sim uma reacção das elites locais contra a sobreposição de poderes que até aí eram do seu domínio exclusivo. As revoltas foram suprimidas com um aumento significativo do papel regulador do Império Otomano.
Com o desmembramento do Império Otomano após a I Guerra Mundial e o aparecimento de Estados como o Iraque, a Síria, a Palestina , a Transjordânia e o Líbano, o Curdistão vê reconhecida a sua autonomia no Tratado de Sèvres em1920, o mesmo que consagra as novas nacionalidades e reduz o império à Turquia situada no planalto da Anatólia. (Logo em 1921 é assinado o Tratado de Ancara, com a França, que prevê a anexação de larga porção do Curdistão na República da Turquia.) Assiste-se ao fim dos grandes impérios e neste caso ao fim de mil anos de história. O califado turco será abolido a 1 de Novembro de 1922 com a chegada ao poder, através de uma sublevação militar, do nacionalista Mustafá Kemal Ataturk. A Turquia, como aliás outros Estados, recusa-se a aceitar as disposições territoriais dos Tratados do pós-guerra, e não rectifica o Tratado de Sèvres. Em 1923 é assinado o Tratado de Lausanne ( pela Turquia, França, Itália, Grécia, Roménia, Jugoslávia e Inglaterra com papel primordial) que substitui o anterior e em que as potências europeias reconhecem a Turquia como uma nação soberana, que não é obrigada, desta forma, a conferir o estatuto de independência aos curdos. O mesmo Tratado obriga a que a Turquia garanta, no entanto, a defesa e o respeito pelas minorias do seu país. Hoje, os curdos não são reconhecidos oficialmente como grupo minoritário naquele país.
(...)
Josina Almeida, O Nacionalismo Curdo à luz de Hobsbawm- História dos Nacionalismos, FLUL, 1998
[1] Izady, Mehrdad R., “Exploring Kurdish Origins”, in Kurdish Life, nº 7, 1993.
[2] Ibidem.
[3] Ibidem.

21 outubro 2007

Acção Directa




Quem acredita que vivemos no melhor dos mundos possíveis e que tudo está escrito dispensa qualquer reflexão sobre acções de luta que fogem do quadro legal em vigor. Manifestemo-nos com autorização do governador civil à hora certa, respeitemos os espaços destinados à manif. por trás das grades separadoras, respeitemos os metros de segurança entre nós e o ministério, entre nós e residência do PM, entre nós e a autoridade, para podermos fazer parte comum no quadro democrático. Não ficamos tão bem na fotografia? Podemos afagar a consciência e sem ter de entrar numa igreja.

Mas quem nos vai ouvir se partirmos uma montra?
E quem nos ouve se não a partirmos?

Quem acredita que o quadro democrático está longe de corresponder à realidade que a palavra/conceito enuncia/define então tem, talvez desde sempre mas especialmente agora, toda a legitimidade para tomar a realidade nas mãos e questioná-la/afrontá-la. É possível fazê-lo dentro das regras? As regras não são as de todos, nunca poderiam sê-lo.
No último ano dois acontecimentos marcaram a luta anti-capitalista no nosso país. Marcaram pela diferença, e pelas reacções. A dimensão e a forma destas reacções são aliás, quanto a mim, a forma como podemos avaliar o poder, real ou imanente, que estas acções tomaram. A manif. anti-fascismo no dia 25 de Abril que correu ruas e montras com sprays e a manif. no milheiral do Algarve. A polícia correu, na sua forma mais covarde e brutal, à bastonada os primeiros manifestantes com a quase ausência de actores políticos a tomarem posição. Veja-se o discurso do PCP no encontro parlamentar pós comemorações que versou as suas preocupações sobre a forma como Cavaco Silva entendeu apelar à renovação das comemorações de Abril. E veja-se também como nada disse o Bloco de Esquerda sobre manifestantes que na rua foram barbaramente agredidos por estarem, justamente, a atacar os fundamentos da sacrossanta propriedade. A violência da polícia é inversamente significativa do silêncio dos partidos que se reclamam da necessidade da alteração radical do estado de coisas. Bloco de Esquerda que, alguns meses mais tarde, volta a meter mãos pelos pés quando foi preciso vir a terreno apoiar os ecologistas que numa acção directa se apropriaram da política. O frenesim na imprensa pós declamações de Pacheco Pereira e a dimensão que tomou só nos pode dar conta, irremediavelmente, que em Silves se tocou no sítio certo.

15 outubro 2007

Ratifica aí


A democracia é uma chatice, ter de encontrar o ponto de equilíbrio entre tantas opiniões é uma maçada. Nunca mais saimos deste embróglio e como Portugal tem fama de marcar -especialmente com um sorriso vital para a fotografia - a agenda internacional José Sócrates quer fazer justiça não só à fama de Pinóquio que corre nas manifestações de trabalhadores que o acompanham mas ao legado pátrio de participar nas tristes misérias na história do mundo. Podemos assumi-lo, enquanto país pobre e pequeno estaremos sempre mais sujeitos a dobrar a espinha em contorcionistos fantásticos e enternecedores.
Prometeu um referendo sobre a contrução da Europa. Desconhecemos os conteúdos da nova proposta de Tratado. Se há uma crise política na Europa não é concerteza com o afastamento dos cidadãos das decisões que se encontrará o caminho para fora dela.

12 outubro 2007

Milagre rigoroso ou um rigoroso milagre

O processo de beatificação dos pastorinhos Francisco e Jacinta foi suspenso. "A Igreja é rigorosa, precisamos de um milagre" (cónego responsável pela candidatura).

04 outubro 2007

notas com docLisboa

A República tem quase cem anos e os assaltantes a bancos ameaçam tornar-se nos meus novos heróis. O país agrava o fosso entre ricos e pobres mas partido no governo, chamado de Socialista como lembrou Alegre num canto de cisne recente, insiste com inusitada violência na liberalização selvática. A social democracia abandonou-nos. Do outro lado da mesma moeda a oposição assume a identidade paroleiro-vilã com Menezes que Mendes/Cavaco e Acólitos tão bem ajudaram a criar. Sócrates o ditador simulacro-robotizado ou Menezes o transparente-porque-sem-nada popular e amigo dos amigos-do-alheio. Para melhorar os ingredientes da actuação em poucos actos acrescenta-se a subida crescente e continuada de todos os preços e do analfabetismo geral.
Porque nem tudo pode ser mau começa este mês o DOCLisboa

27 setembro 2007

OGMs

Documentários sobre os perigos dos OGMs para a saúde e ambiente:

FUTURE OF FOOD: http://video.google.com/videoplay?docid=5888040483237356977

GMOs - PANACEA OR POISON: http://video.google.com/videoplay?docid=5207412505897358694


(nota:é preciso algum tempo para os ver)

20 setembro 2007

A nossa democracia é melhor que a tua


Por iniciativa do vereador Sá Fernandes aprovou-se um aditamento ao Regimento da CML no sentido de se promover a descentralização das reuniões camarárias. PSD, Lisboa com Carmona e PCP votaram contra. Diz Rúben de Carvalho: Nem o Vereador Sá Fernandes, nem ninguém nos dá lições de participação democrática. A CML, se quiser, tem muitas formas de se aproximar dos seus munícipes e de ouvir as suas preocupações. O Rúben, se quisesse, podia enunciar algumas das formas por que a CML podia estar mais perto dos munícipes.



Mas não quer, deve ter mais que fazer.

Menos Educação

Resultados da OCDE divulgados terça colocam Portugal como o país onde o Estado gasta menos por aluno (5020,00) . Abaixo só seis países europeus, nomeadamente a Grécia (4.447), a República Checa (3.884), a Hungria (3.747), a Estónia (2.946), a Polónia (2.877) e a Eslováquia (2.648). Mesmo assim, nestes países, a percentagem de pessoas que concluem o ensino secundário é em média três vezes aquela que se verifica no nosso país (só seguido pelo México).

Face a isto o governo português avança com acordos com instituições bancárias e serve de fiador, tanto para os empréstimos para ir estudar como para os computadores "oferecidos". O investimento está todo do lado do aluno/família. Termos o Zapatero seria sorte a mais mas ter esta ministra da educação e este governo não deve ser só azar.

13 setembro 2007

A Educação a Crédito

Ontem uma campanha mal montada varreu as escolas em cerimónicas de entrega de computadores portáteis a estudantes. É para usarem neste ano lectivo? É o choque tecnológico? É oferta do Sócrates? O que é isto afinal?

O programa Novas Oportunidades igual ao protocolo estabelecido entre Governo e Bancos para o financiamento dos estudantes no Superior implica que estes computadores vão ser pagos-150,00 mais 35,00 durante 36 meses= 1450,00Euros + obrigatoriamente 15,00 num serviço de internet durante 12 meses (escolhe-se entre a sapo e as operadores móveis). Face aos custos actuais de internet e face aos custos e condições de crédito podemos dizer que são boas condições para adquirir um portátil. Mas só quando comparamos com as condições do mercado de empréstimos. O governo não gasta um tusto. O governo não investe num portátil. O governo engana o povo numa cerimónia de entrega de computadores a alunos. O governo serve, única e exclusivamente de fiador. O choque tecnológico na educação é esta entrega à banca de um bem e de um direito. Os direitos em prestações suaves doem menos?

10 setembro 2007

Universidades In`nd Out

"(...) Entretanto, a lei, a incúria dos ministérios e a passagem do tempo foram consolidando as situações. Hoje, as Universidades privadas, mesmo a funcionar mal, têm direitos reconhecidos. Questões de titularidade dos estabelecimentos, de legalidade dos títulos concedidos, da correcção das equivalências conferidas, etc., são ossos duros que os tribunais roerão durante anos. Um despacho lépido de um Ministro, por muito enfático que seja nas palavras, parece-me curto para suster a força imobilizante dos direitos adquiridos. como nas urbanizações autorizadas sobre as dunas, nos parques naturais ou, até, no domínio público marítimo."
António Manuel Hespanha, "A (in)conveniente história das universidades privadas... in Revista História nº97 (Maio 2007)

O blogue do Gualter

O blogue do Gualter, do Gaia e Movimento Verde Eufémia. Para quem quer saber mais sobre os Trangénicos.

07 setembro 2007

América América



Não há séries norte-amercianas, daquelas que consumimos diariamente, que não traduzam o mal-estar da maioria do país em relação ao Iraque. E ao Afeganistão. Desde Erva, Ossos, Irmãos e Irmãs, Sete Palmos de Terra ou a Letra L, em todas há referências, de forma crítica mais ou menos aberta. No entanto, e já levado em conta que nos estúdios e produtoras onde se fazem estas séries e filmes, se encontra proporcionalmente mais gente da massa crítica, não deixa de ser estranha a forma ou o enfoque de que se reveste a maioria desta crítica. George Bush em Nova Orleães por ocasião da efeméride do desastre dizia qualquer coisa que começava assim: Eu vim a esta parte do mundo....Forma corrente de falar ou não, a forma como se refere a um estado dentro da federação dos estados que o compõem como uma parte do mundo não deixa de ser sintomático desta mundividência que creio, nos estranha enquanto europeus ou provavelmente estranha a qualquer habitante que se situe fora das fronteiras físicas da cabeça hegemónica do império. A mesma visão patente nos apontamentos à guerra feita naquelas séries. Eles incidem sobretudo sobre os custos que a guerra acarreta no próprio país, custos humanos e custos materiais. E se esses custos se justificam.
Caem para o chão soldados no Afeganistão para que nós possamos cair aqui a consumir. Apesar desta sentença lapidar sobre que way of life supostamente justifica uma guerra, a dimensão da guerra parece conter só a injustiça das mortes de soldados norte-americanos e os custos materiais que o país tem de enfrentar deixando para trás questões importantes (como se viu com o Katrina). Apesar de serem preocupações legítimas dos norte-americanos também seria legítimo ouvi-los questionar sobre os milhares de iraquianos que caem para o lado desde 2003, também seria legítimo ouvi-los questionar se as opções bélicas do seu país tornam o mundo um local mais perigoso e inseguro para viver. A hegemonia geo-política dos E.U.A parece ter ajudado a construir nos seus cidadãos a ideia de que o mundo é os E.U.A., que o que se move lá fora são recursos económicos imprescindíveis, impecilhos e obstáculos e alguns aliados (económicos fundamentalmente).

Visto que a noção de carácter nacional se tornou duma validade duvidosa, a noção de estilo nacional promete muito mais. É um postulado e uma explicação. Tenta estabelecer a ordem numa massa caótica de características ao determinar que uma nação se apercebe do mundo, e do seu lugar nele, dum modo que nunca é exactamente o de qualquer outra nação, tal como um dado indivíduo encara o mundo duma forma diferente da de todos os outros. Esta maneira constitui um processo de selecção e, por conseguinte, um processo de distorção, isto porque não só se deixam de fora coisas de possível importância como ainda as coisas seleccionadas se apresentam refractadas pelo prisma do carácter individual ou nacinal. (...)
Stanley Hoffmann, "O Estilo Americano: O Nosso Passado e os Nossos Princípios", 1968


28 agosto 2007

Quem vê quer ver

Paula Moura Pinheiro yeh.
Será das férias ou a rtp2 está uma delícia?
Só não percebi ainda porque é que aparece o texto a advertir cenas que possam ferir susceptibilidades antes da série The L Word. Também aparece esse texto nas corridas de touros? Ou no programa do José Hermano Saraiva?

23 agosto 2007

Viva Ecotopia

Portugal é tudo gente pacata. Este tipo de iniciativas não têm a ver com os nossos costumes.
Um encontro de ecologistas internacional conseguiu colocar nas agendas de verão dos portugueses as sementes transgénicas. Governo e oposição aceleram para ver quem é mais rápido a reclamar o "estado de direito". Ataque à propriedade privada, o crime de lesa majestade na tal de sociedade de "estado de direito". Não é crime que se legislem normas para a utilização deste tipo de sementes quando as reservas do ponto de vista da saúde, do equilíbio ambiental, do ponto de vista económico (com o uso de transgénicos passamos em algumas dezenas de anos para uma agricultura que, se hoje tem milhões de produtores em todo o mundo- qualquer um que cultive a tenha as suas sementes- para aquela que ficará resumida a quatro ou cinco marcas ou brands, com os respectivos direitos de comercialização e utilização) são inúmeras e há muitas questões por responder.
Graças aos activistas que destruiram um hectar de milho transgénico no Algarve agricultores e consumidores ficaram mais perto de saber o que são os alimentos trangénicos. Se o agricultor perdeu 4 mil euros em milho nós perdemos todos muito mais com o seu cultivo.

16 agosto 2007

Eleições Intercalares de Lisboa 2

Há um dogmatismo latente neste texto da Política Operária. Primeiro, mesmo para quem não acredita no sistema de representação política que o actual sistema de partidos representa, não deixa de estranhar que eles sejam demonizados de forma categórica mesmo num texto um pouco amenizado/mascarado como este. Segundo, confundir governo do país com o governo da cidade implica uma visão com a qual acho que não podemos identificar-nos, com o prejuízo da defesa das "terras queimadas" onde no fim não sobra nada. Eu estou contente com a coligação entre Sá Fernandes e António Costa. Prefiro-a à de António Costa com Carmona ou mesmo Roseta. Sá Fernandes dá-me garantias de representar mais proximamente aquilo que defendo para a cidade. Entre aquilo que se propõe e o que irá acontecer é um caminho que nos cabe acompanhar. Náo deixa de ser um sintoma de enorme cinismo (e derrota) achar que há programas políticos/proposições e pessoas à venda em saldos. E revela também que pouco interessa afinal o final do betão, o corredor verde, etc. Quando isso se torna mais fácil de atingir o que se vê é outra coisa- fututo governo ps, futuro be, coligações blá blá blá- enfim, o pior da política. Com outras palavras, se há quem veja no acordo uma futura possível coligação BE/PS, é também quem vê no trabalho de um vereador não o que ele está a dizer ou a fazer mas o que ele está a fazer em nome da imagem de um partido que concorre noutras esferas de poder.

27 julho 2007

Autonomia total para a Madeira já!

(à excepção de Porto Santo)


Há quem argumente que, uma vez que o cumprimento da lei do aborto acarreta despesas para os serviços regionais de saúde, a Madeira não tem obrigação de os suportar. Errado!Antes de mais, mesmo calculadas por cima, as previsíveis despesas seriam despiciendas para o orçamento dos serviços regionais de saúde, provavelmente menos de 0,1% (e não os inimagináveis 7/8% de que fala o Diário de Notícias, por manifesto erro de cálculo). Por isso, os Açores não levantaram nenhum problema de ordem financeira para executarem a lei.Depois, as Regiões autónomas têm obrigação de cumprir as leis da República através dos seus serviços, mesmo que haja eventuais custos adicionais. Acontece com a IVG como pode ocorrer com qualquer outra obrigação que venha a ser legalmente estabelecida (por exemplo, uma eventual vacina obrigatória contra o cancro do colo do útero). Trata-se de um ónus da autonomia regional. É para isso que as Regiões autónomas gozam de total autonomia financeira, dispondo de todos os impostos nelas cobrados (além das transferências do orçamento do Estado) e nem sequer contribuindo para as despesas gerais da República, que só o Continente paga.De resto, o mesmo sucede com as demais áreas onde os serviços públicos foram regionalizados (quase todos), como por exemplo a educação. Assim, quando o ensino secundário se tornar obrigatório, é evidente que as Regiões terão de arcar com os respectivos custos, sem poderem invocar esse facto como argumento para não cumprirem tal obrigação, ou para os custos serem financiados pela República.

17 julho 2007

A Comunista Guernica

No exame nacional do ensino secundário à disciplina de História da Cultura e das Artes do presente ano surpreende-nos a pergunta 3.
"Guernica, obra de Pablo Picasso, testemunha a destruição provocada pela Guerra Civil de espanha (1936-1939), convertendo-se, simultaneamente, numa obra comprometida ideologicamente, numa alegoria histórica e numa síntese formal dos principais movimentos artísticos da primeira metade do século XX.
Analise esta obra, relacionando-a com os seguintes tópicos:
-posicionamento de Pablo Picasso no contexto político e militar da Guerra Civil de Espanha;
-siginificado da obra enquanto símbolo de um acontecimento concreto;
-influências do Cubismo e do Surrealismo nela patentes.




Ficamos a saber de antemão que a representação de uma cena de destruição e morte causada por um bombardeamento é uma obra comprometida ideologicamente. Depois deste dado a priori tudo pode acontecer, mesmo esperar que quem tenha feito este exame tenha tido o entendimento menos enviesado e pequeno de quem o elaborou. E que dizer do Surrealismo tão categoricamente patente em Guernica? E que dizer do ensino oficial das artes ?

16 julho 2007

Eleições Intercalares

Os resultados dos candidatos independentes Carmona e Roseta não significam nenhuma ruptura com o sistema/modelo político-partidária na medida em que não prefiguram nenhuma candidatura realmente autónoma das estruturas e organizações ligadas aos partidos (neste caso aos dois partidos que partilham alternadamente a governação há 31 anos).
Helena Roseta, à semelhança de Manuel Alegre, não gerou nem representa um movimento de cidadania, representa o rearrumar de forças internas dentro de um Partido. Se o Partido Socialista deixou de ter espaço de afirmação para algumas tendências (e isso é significativo e expressivo do alcance ideológico que deixaram de querer ao menos subscrever-leia-se a assim a demissão de Ferro Rodrigues e a eleição de José Sócrates) essas tendências, por não estarem convocadas, realinham-se (com este insuportável concurso de egos - Alegre e Roseta são quanto a isso tão iguais aos partidos que até dói). E o eleitorado entende estas candidaturas, os 63% de abstenção não são disso alheios. Claro que isto não é um mal em si, haver Partidos com mais do que um candidato por estarem em causa disputas internas, desafios à liderança. Só não é legítimo que Roseta ou Carmona reinvindiquem ser a voz daqueles que estão fartos dos partidos porque não há quem melhor faça o papel triste dos partidos do que as suas próprias candidaturas. Aliás, eles representam bem a falência dos partidos. Falência da direcção de um partido quando quer afastar um presidente de câmara arguido num caso de corrupção (não é novo, Autárquicas de 2005-Felgueiras, Isaltino e Valentim Loureiro). A votação elevada nestes dois candidatos não representa nada de positivo (pese embora as boas intenções de esquerda de Roseta) porquanto não representam nenhuma ruptura com o sistema vigente nem são votos em nenhum programa essencial. São votos do eleitorado PS descontente (e Roseta e amigos canalizam isso ainda não se sabe para quê como no caso de Alegre) e são votos do eleitorado PSD descontente. São menos de metade da população votante lisboeta.

10 julho 2007

O que para aí vem

Sobre a notícia vinda hoje a público, relativa à entrega, por parte do Governo, da frente ribeirinha não portuária, ao mandatário da candidatura de António Costa, José Miguel Júdice.Ao longo desta campanha eleitoral, José Sá Fernandes tem vindo a confrontar os diversos candidatos com os sucessivos escândalos urbanísticos na frente ribeirinha da cidade.Um após outro, os candidatos têm vindo a rejeitar novas construções, dando a entender que não querem quaisquer outras urbanizações junto do rio. Agora, de repente, aquilo que se suspeitava veio a lume. O Governo prepara-se para entregar a área da frente ribeirinha não portuária aos interesses imobiliários, presididos pelo mandatário da candidatura de António Costa, o conhecido advogado dos construtores/especuladores da cidade, José Miguel Júdice. José Sá Fernandes tem procurado obter resposta do candidato António Costa sobre uma eventual urbanização na zona da Docapesca, o qual tem vindo a assegurar, sabe-se agora que seraficamente, que rejeita novas construções no local. Já se sabia que o PS não faz o que diz nas campanhas eleitorais, mas felizmente agora foi apanhado em flagrante. A sua ideia para a frente ribeirinha é vendê-la aos interesses imobiliários, ao contrário do que tem vindo a assegurar. A lista de António Costa configura o que parece ser uma "task-force" do Governo para encher de betão a frente ribeirinha, com Júdice, Salgado e companhia. E tudo indica que a política de Carmona é para ser continuada com o candidato Costa, o apoio activo do Governo Sócrates e o suporte legislativo da maioria absoluta do PS.
in lisboaegente.net

06 julho 2007

grau-1

Se Helena Roseta ocupa espaço nos seus cartazes com a frase "sabe quanto custou este cartaz?" não deve ter coisas mais importantes para dizer.

02 julho 2007

O Zé diz

Queremos saber o que pensa Ruben de Carvalho, Helena Roseta e António Costa, que dirigem as três candidaturas com as quais poderemos vir a convergir para uma solução, sobre seis pontos que para nós são pontos de partida para qualquer entendimento (...)
É disto que se trata: implementar o Plano Verde de Gonçalo Ribeiro Telles; ter uma posição clara em relação à permuta do Parque Mayer; travar a construção na frente ribeirinha; garantir nas novas construções ou em reabilitações, pelo menos 20% de área para arrendamento ou venda a custos controlados; apostar no transporte público de qualidade, construir linhas de eléctricos rápidos e parqueamento para residentes; extinguir empresas municipais desnecessárias e reestruturar a EPUL. São estas as seis condições fundamentais para acreditarmos que a próxima câmara será diferente. E só para termos uma câmara diferente podem contar com o nosso apoio

29 junho 2007

Eduardo Pitta #2

Este crítico será um exemplo em que nem sempre a lente de classe/ideológica consegue destituir todas as áreas de pensamento. Talvez aconteça eu gostar do que ele escreve sobre livros porque a sua área de pensamento política é muito inconsistente. Se ele fosse um direitoso a sério, com uma posição bem sustentada ideologicamente, provavelmente isso inundaria todas as categorias de análise do mundo ao seu dispôr.
Dou como exemplo este texto onde diz: Basta comparar o que se passa cá, em matéria laboral, com o que se passa nas sociedades avançadas, para avaliar o anacronismo de algumas conquistas. Inclino-me muito a acreditar que é uma tentativa de repetir o que reteve vagamente de pessoas que admira. Se assim não fosse teria de dizer o que entende por sociedades avançadas (se quiser falar nos nórdicos suecos ou finlandeses não estaremos em desacordo) e afinal dizer-nos que códigos de trabalho têm eles.
A nossa anacronia é a desta falta de pudor em repetir chavões por virem da zona da mesa de refeição com que nos identificamos sem verificarmos, por um momento, da imbecilidade que reproduzimos. É bem fácil de ver, com exemplos destes amiúde, que será mais fácil encontrar a justificação para o atraso económico a que chegou o país no atavismo e anacronismo da nossa massa empresarial-da nossa burguesia (tão bem ilustrada aqui neste crítico de mesa de restaurante)- do que nas condições em vigor e em desmantelamento no código laboral. Basta, como diz Pitta, olhar para as sociedades avançadas.

21 junho 2007

Ontem, o Outro era o judeu, o sindicalista, o anarquista, o comunista, o intelectual de esquerda, o homossexual, a prostituta, o agitador profissional. Hoje, é o pensionista, o desempregado, o funcionário público, o imigrante, o beneficiário do RSI, o trabalhador (por inerência excedentário).

O exacerbar das dificuldades da nação serve para exigir disciplina, sacrifícios, a aceitação de um “downsizing” continuado de rendimentos reais, direitos, garantias e qualidade de vida.

20 junho 2007

APE 2006


Maria Gabriela Llansol vence com livro "Amigo e Amiga"
A escritora Maria Gabriela Llansol, de 76 anos, venceu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE) 2006, pela obra "Amigo e Amiga". É a segunda vez que a escritora é galardoada com este prémio.

14 junho 2007

Declaração de Voto


A política organizada em torno dos partidos encontra-nos, depois de 30 anos de democracia, tristemente incrédulos e desiludidos. Não adianta sequer chamar à equação a má qualidade dos políticos profissionais no activo. A habilitação académica do primeiro-ministro é eloquente não só da qualidade desta geração de políticos como do simulacro a que se prestam. Não adianta, porque haver gente mais competente a executar programas da mesma natureza não nos faria melhor e não adianta porque a responsabilidade do descrédito e abandono cabe a todos e a cada um de nós.
Neste contexto, da necessidade de repensar a participação política fora do contexto das máquinas partidárias oleadas e adaptadas ao sistema de representatividade e do respectivo estabelecimento de relações que faça funcionar a representação, a candidatura de José Sá Fernandes é um movimento e uma experiência interessante a seguir. Apoiada pelo Bloco de Esquerda esta candidatura é mais do que isso. Reune um conjunto de apoios que fogem aos campos eleitorais mais estanques. Como nas propostas de poder local se deveria ver. Há soluções e propostas que são transversais aos campos esquerda/direita. Apoiado pelo Bloco de Esquerda o candidato é independente. Não é porque não tenha um cartão de militante, mas porque tem uma agenda própria, uma cabeça própria. Provou nestes dois anos enquanto vereador sem pelouro que: trabalha muito e quase sempre bem e, mais importante que isso, que trabalha sem relações de representatividade a extorvar. Não há embaraços, não há rabos presos. Isso talvez explique porque o processo BragaParques, apesar de denunciado pelo PCP só tenha sido devidamente exposto pelo José Sá Fernandes (entre outras ilegalidades e zonas cinzentas).
Isto já seriam razões suficientes para ser o melhor candidato. Outras haverá a acrescentar, tem uma candidatura aberta e disponível para convergir com outras forças de esquerda (o pcp já fugiu a essa responsabilidade apesar de ter convivido bem durante muitos anos com o João Soares). Não há pessoas providenciais, nem Sá Fernandes é o Delfim da esquerda urbana na encruzilhada, nem sequer é um grande político no sentido da análise e da retórica e mesmo do mediatismo. Tem um percurso público visível (antes de ser o vereador sem pelouro na câmara de Carmona já era um homem implicado com a cidade de Lisboa e empenhado em amá-la).

07 junho 2007

Contra as Alterações do Clima e o G8

Sexta-feira, 8 de Junho de 2007
Dia Internacional de Acção Directa pela Justiça Climática
Contra as Alterações do Clima e o G8
A Humanidade enfrenta hoje o maior problema ecológico de todos os tempos. O Planeta está em risco e é urgente agir para combater as alterações do clima. Os impactos que já se manifestam são alarmantes e os cenários de futuro são assustadores: 19 dos 20 anos mais quentes registaram-se desde 1980, 1 milhão de espécies poderá extinguir-se até 2050, desertificação, escassez de água, cheias e inundações, …Se nada for feito, milhões de pessoas em todo o Mundo serão afectadas, sobretudo nos países e comunidades mais pobres: migrações forçadas, doenças, pobreza, fome…
Os países mais ricos, representados no G8, são os responsáveis históricos pela crise ambiental. E a cópia do seu modelo de desenvolvimento pelas economias ditas emergentes significa a catástrofe.
Energia e Alterações Climáticas serão os temas fortes na próxima reunião do G8, entre 6 a 8 de Junho, na Alemanha. Mas sabemos o que isto significa: os interesses dos mais ricos e seus aliados estratégicos não são os interesses das populações do Globo. O futuro de tod@s continuará a ser decidido à porta fechada por uns poucos: manter-se-á a busca do lucro fácil e imediato, o poder hegemónico das multinacionais que mercadorizam o mundo e a vida, a exploração desenfreada dos recursos colectivos e a poluição destrutiva, ….
O mercado continuará a ser a resposta de fundo à crise e ele significa duas coisas muito simples: o peso da redução das emissões poluentes será transferido para os países do Sul, sob uma nova forma de neo-colonialismo, e a redução não será rápida o suficiente para evitar consequências dramáticas sobre @s mais pobres.
Combater as alterações climáticas com justiça social significa reduzir já e radicalmente as emissões poluentes, sobretudo nos países mais ricos. Este é o apelo à justiça climática! Este é o apelo à mobilização social e acção directa contra o G8!
Dia 8 de Junho será o Dia Internacional de Acção Directa pela Justiça Climática , convocado pela Rede Internacional Rising Tide. Este é o apelo a acções autónomas, descentralizadas e criativas em várias cidades e locais do Mundo. Já estão marcadas iniciativas no Reino Unido, América do Norte, Alemanha, Canadá, Austrália e muitos outros.

06 junho 2007

8ª subida das taxas de juro desde Dez.2005

Para quem comprou casa a contar os tostões rés vés contando com emprego (minimamente seguro, mais ou menos precário) nos últimos anos pode sentir-se se não no pior dos mundos bem lá perto. 4% de aumentos em menos de 2 anos significa para muitos empréstimos aumentos em mais de 100 euros mensais. E o aumento das taxas de juro não vai ficar por aqui. Claro que, se tudo o resto não compreendesse aumentos desta natureza (combustíveis, energia, alimentação)e se os aumentos salariais acompanhassem de perto a taxa de inflação a situação só estaria habitualmente má. Mas a situação está extraordinariamente má. Peres Metelo dizia hoje na TSF que o crédito mal parado até desceu o que significa que as famílias portuguesas estão a aguentar razoavelmente os aumentos da taxa euribor. Os bancos estão a ajudar com novas condições contratuais para manter a mensalidade baixa (basicamente as novas condições implicam que estamos a amortizar muito menos às nossas dívidas e pagar mais e mais juros sobre ela...) E como as pessoas tem de viver em algum lado não há grandes hipóteses a não ser cortar no que não impeça a sobrevivência mais ou menos imediata.

29 maio 2007

A Casa Ocupada

Há uns tempos atrás, um par de anos, uns rapazes e umas raparigas ocuparam um pequeno palacete abandonado ali na Rua do Passadiço. Miúdos de instituições por ali a apontar às janelas, tudo partido, matagais nos jardins, lixo. Estes rapazes e raparigas limparam tudo, transformaram mais um espaço devoluto da cidade num espaço de encontro entre pessoas, num espaço de vivências, de gente. Aprenderam a organizar-se em conjunto, realizaram debates, (consegui assistir/participar num deles, sobre o projecto da Constituição Europeia) organizaram actividades abertas à comunidade, fizeram festas onde se juntaram pessoas das mais diversas origens.Tudo voluntário. O agente imobiliário representante dos proprietários visitou o palacete e disse a estes rapazes e raparigas que a sua presença até siginificava alguma protecção do imóvel e do seu património.
Um dia, acho que pela noite, um corpo especial da polícia invadiu o espaço e com armas e lanternas apontadas a quem por ali pernoitava despejou e deteve aquela gente. Ainda em tribunal correm processos contra alguns deles.
Mais de um ano depois a casa palácio da Rua do Passadiço está entaipada. Abandonada. Tijolos tapam todas as entradas. Esta é a nossa cidade. E era muito bom que os candidatos que se assomam agora tivessem algo a dizer sobre esta Casa. Sobre esta polícia. Sobre os processos em tribunal. Lisboa já nada tem de menina e moça.

22 maio 2007

Velhos Hábitos

O Victor Dias eliminou os comentários deste post depois de eu ter deixado lá um comentário. Dizia assim: 1. A história da inviabilização de um eventual acordo/coligação BE/PCP para a cidade de Lisboa está mal contada; 2. O julgamento sumário das intenções de Sá Fernandes ao propôr um acordo à esquerda é um expediente ou velho truque para não avaliar ou pensar na proposta em si. Ou seja, é mais fácil ao Vítor Dias (como será para p o PCP) disparar na direcção de quem propõe do que propôr. Isto já diz muito da situação frágil em que se encontra o PCP e a candidatura de Ruben Carvalho em Lisboa (que estimo terá ainda piores resultados que a anterior).


Correcção: o post e os comentários estão lá.

14 maio 2007

"O Corpo Humano como nunca o Viu"


A exposição de um fóssil humano, de um esqueleto num contexto arqueológico, de uma múmia é sempre uma exposição sobre aquele ser-humano. O centro da investigação, o interesse vai ao encontro da vida que pertenceu àquele corpo (ou vice-versa). O seu corpo não é separável de si ao contrário da exposição que está em Lisboa onde corpos que pertenceram a pessoas (ou vice versa) são utilizados separados de si.
O corpo não é separável do espírito, como quer a Igreja. Há o espírito que opta por doar o seu corpo a ciência e ela recebe-o. E os profissionais terão de operar a cisão para bem do seu ofício. Como nós, nos afazeres vários temos de separar tantas vezes as partes do todo e deixá-las assim. Mas existe realmente algum interesse em ver corpos verdadeiros embalsamados? Corpos a que(m) foi retirada a dignidade ao serem separados de forma gratuita da vida que lhes deu razão. Sinal, muito provável, que a dignidade há-de ter sido roubada ainda em vida.

04 maio 2007

25 Abril 2007 Rua do Carmo

Quando a ordem é injusta, a desordem já é um começo de justiça
(Romain Rolland)
imagem de cravadonocarmo.wordpress.com

03 maio 2007

Eu não penso que exista um "caminho" para uma sociedade mais justa, porque não penso que "uma sociedade mais justa" seja um local onde se chega, um dia inicial inteiro e limpo onde livre habitaremos a substância do tempo. Eu desejo uma política que se encarregue de identificar as várias formas de dominação e lhe oponha outras tantas de luta e resistência. Uma política que faz do aqui e agora o seu espaço e tempo de intervenção. E aqui, como se quer, pergunto mais do que afirmo

20 abril 2007

PNR - boa viagem!

Encontro de fachos em Lisboa cancelado. Afinal parece que os nazis não andam tão à vontade quanto isso. Interessante e a reter é verificar que, com a prisao de 11 pessoas por posse ilícita de armas e propaganda nazi, um encontro convocado pelo PNR é cancelado. A relação fica evidente para quem podia ter dúvidas. Cantem o hino de braço esticado e gritem viva Portugal e Hitler e Salazar. Fazerem-no no recato dos vossos lares se não for à frente das crianças parece-me óptimo. Se quiserem vir para a rua, pois então, agora concorrer a eleições? Fazer listas para associações de estudantes? Isso parece mais obsceno que coleccionar tacos de baseball.

18 abril 2007

da areia para o mar

Não gosto deste azul.
Pelo menos aqui.
Mas era preciso arrumar um pouco a casa.
Agora o que queria
era o meu querido amarelo beje de volta.
E as ligações vão regressar a seu tempo.

12 abril 2007

sobre Carmona,a câmara, a cidade

Rui Tavares sublinha o mais importante da atitude de limpeza zelosa por parte da CML que nos deixou estupefactos. O mais importante, onde fica a cidade pública, política, espaço dos cidadãos? Cidadãos em Lisboa não há nenhuns enquanto cidadania não puder ser feita cá.


[Público, 09 abril 2007]

Um país de ironias

Para pagar os favores que deve às empresas, a CML é relaxada. Para os cidadãos fazerem política ou cultura ou arte a CML é rigorosa.
Para os leitores que não vivem na capital, vamos contextualizar: na maior parte dos dias, não se dá pela existência da Câmara Municipal de Lisboa [CML]. Quando ela se faz notar, é invariavelmente pelas más razões.
Quando a CML desperta da sua hibernação, a suspeita é que vem aí disparate. E na sexta-feira passada (um feriado!) a CML decidiu fazer horas extraordinárias para confirmar essa suspeita. Por uma vez, nesta cidade onde um prédio pode cair antes de uma folha de papel transitar entre gabinetes, a CML foi célere.
E nesta cidade entupida de poluição visual, a CML foi célere para arrancar talvez o único cartaz de grandes dimensões que recebeu os louvores quase unânimes de todo o país, da esquerda à direita: a sátira dos “Gatos Fedorentos” ao cartaz racista do PNR ali ao lado.
(Digo “quase unânime”, porque os racistas reagiram mostrando a sua face, com ameaças de violência física e a divulgação do endereço do colégio onde estuda a filha de um dos humoristas. Como sempre, estes cobardes incitam ao ódio na esperança de que alguém faça o trabalho sujo.)
Enfim: durante uma semana, o país discutiu qual seria a resposta adequada aos racistas. Quando os “Gatos Fedorentos” no-la deram de forma brilhante, esta CML a quem nunca se viu grande queda para o legalismo decidiu que não constituindo eles um partido político, a sua mensagem era publicidade. Neste raciocínio binário só há partidos que fazem propaganda ou empresas que fazem publicidade. Todos nós outros que andamos aqui, cidadãos deste país, eleitores, contribuintes e consumidores, somos parentes menores.
É verdade que a lei prevê regimes diferentes para a propaganda partidária e para a publicidade. Mas isso acontece para impedir as empresas de tomar conta de todo o espaço público, não para dificultar a intervenção cívica. Ora o cartaz dos “Gatos Fedorentos” pode não ser propaganda partidária mas não é certamente publicidade; é antes enquadrável como intervenção artística e deveria ser interpretada com a folga que a lei permite.
Reparem que esta é uma obsessão particular de Carmona Rodrigues: em plena crise da sua vereação saiu para a rua de mangueira em punho para arrancar cartazes de bandas rock. Só que é uma obsessão estranha para quem preside à principal poluente visual da capital e das suas praças emblemáticas, desde o tempo em que Santana Lopes encheu a rotunda com imagens do Marquês defendendo a construção de um túnel, até aos enormes cubos que o Casino de Lisboa colocou por todo o lado, até às massivas esferas da Volkswagen que pagaram a iluminação de Natal. Sob qualquer pretexto até no Terreiro do Paço a CML deixa instalar objectos publicitários de mau gosto. A diferença é que essas empresas contaram com o beneplácito de uma câmara falida. A CML vê o espaço público como um activo publicitário e fonte de receitas. A rua é dela apenas; serve para alugar às empresas e tolerar os partidos. Qualquer outro cartaz – desde o anúncio de uma banda amadora até aos “Gatos Fedorentos” ridicularizando os racistas – é concorrência desleal.
Para pagar os favores que deve às empresas, a CML é relaxada. Para os cidadãos fazerem política ou cultura ou arte a CML é rigorosa.
Resta somente apreciar mais esta genial ironia de um país de ironias, cuja capital é governada por Carmona Rodrigues, engenheiro. É um engenheiro a sério, daqueles com diploma e carteira da ordem. Não percebe é rigorosamente nada de cidades, de liberdade ou de política.

07 abril 2007

O nazismo e César das Neves

Uma associação de luta pelos direitos das lésbicas, gays, bissexuais e trangenders, iniciaram um processo aqui há um par de anos contra João César das Neves, esse energúmeno conhecido pela extrema religiosidade com que encara economia e mercado financeiro. O processo tinha como razão o seu discurso de incitamento ao ódio contra um grupo minortário na sociedade. Igualava gays a pedófilos, o que não é fazer outra coisa que comparar negros a perigosos assaltantes ( que é proibido justamente porque se incita o ódio a determinados grupos da população).
O processo não deu como provado que César das Neves tenha feito referências directas aos visados (a associação em si) mas sim aos homossexuais em conjunto- como se este conjunto pudesse representar-se num advogado e numa queixa. Não deve haver muita gente que não se lembre das enormidades que lhe jorram da caneta, ou da mão, ou seja lá por que órgao donde deus lhe permtiu pensar e a nós castigar-nos por qualquer pecado ao termos de o ouvir.
Esta decisão de um tribunal chega numa altura em que um cartaz racista e xenófobo está plantado em Lisboa sem que haja lei que o impeça.
Os discursos de ódio estão à solta e não há lei que nos venha sossegar a consciência ao jantar ou mesmo no almoço da Páscoa. Ou acreditamos que o código é válido e trabalhamos para o melhorar ou acreditamos que o código só corresponde à validade ideológica na sociedade donde emana e encerra. A lei é morta e não melhorará o mundo. 50 anos depois do Holocausto há nazis pela Europa fora com o à vontade do padeiro que entra ao serviço.

Site da Opus Gay

30 março 2007

Pela nossa Saúde!

PNR - José Pinto Coelho - é a coisa mais estúpida que o sociedade portuguesa pariu nos últimos anos. Só que ser estúpido não é o maior problema desde agrupamento de nazis e desmiolados em busca de algum grupo onde possam encaixar e fazer parte de um destino para além de ser vítima de um benfazejo acidente na ip4 ou mesmo 5. O maior problema é que andam cheios de vontade de vir sujar os passeios das nossas cidades como se eles já não tivessem merda que chegue. E como a Antártida está a derreter, o planeta aqueceu e já não há retorno para a porcaria que andamos há décadas a pôr no mundo para quê virem uns tip@s, ainda por cima especialmente estúpidos, poluirem-nos ainda mais o ar? Um plano especial da UE a impôr cotas de emissão de josés-pintos-coelhos já!

23 março 2007

o tempo e as suas contrariedades

olá.
Para além de desformatado irremediavelmente o template deste blogue amarelo da Anatólia, também tem estado sujeito aos infortúnios da vida contemporâena- leia-se: termos de vender a alminha todo o santo dia quase a vida toda-mas ainda assim eu vinha aqui dizer que malgrado as calamitosas andanças nos governos da cidade capital Lisboa tem muitas razões para nos congratularmos. E vinha também dizer que uma andorinha passou veloz por mim esta semana.

15 março 2007

8 de Março

No dia 8 de Março do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias, que recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas.

Em 1903, profissionais liberais norte-americanas criaram a Women's Trade Union League. Esta associação tinha como principal objectivo ajudar todas as trabalhadoras a exigirem melhores condições de trabalho.

Em 1908, mais de 14 mil mulheres marcharam nas ruas de Nova Iorque: reivindicaram o mesmo que as operárias no ano de 1857, bem como o direito de voto. Caminhavam com o slogan "Pão e Rosas", em que o pão simbolizava a estabilidade económica e as rosas uma melhor qualidade de vida.

Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher".