29 maio 2007

A Casa Ocupada

Há uns tempos atrás, um par de anos, uns rapazes e umas raparigas ocuparam um pequeno palacete abandonado ali na Rua do Passadiço. Miúdos de instituições por ali a apontar às janelas, tudo partido, matagais nos jardins, lixo. Estes rapazes e raparigas limparam tudo, transformaram mais um espaço devoluto da cidade num espaço de encontro entre pessoas, num espaço de vivências, de gente. Aprenderam a organizar-se em conjunto, realizaram debates, (consegui assistir/participar num deles, sobre o projecto da Constituição Europeia) organizaram actividades abertas à comunidade, fizeram festas onde se juntaram pessoas das mais diversas origens.Tudo voluntário. O agente imobiliário representante dos proprietários visitou o palacete e disse a estes rapazes e raparigas que a sua presença até siginificava alguma protecção do imóvel e do seu património.
Um dia, acho que pela noite, um corpo especial da polícia invadiu o espaço e com armas e lanternas apontadas a quem por ali pernoitava despejou e deteve aquela gente. Ainda em tribunal correm processos contra alguns deles.
Mais de um ano depois a casa palácio da Rua do Passadiço está entaipada. Abandonada. Tijolos tapam todas as entradas. Esta é a nossa cidade. E era muito bom que os candidatos que se assomam agora tivessem algo a dizer sobre esta Casa. Sobre esta polícia. Sobre os processos em tribunal. Lisboa já nada tem de menina e moça.

22 maio 2007

Velhos Hábitos

O Victor Dias eliminou os comentários deste post depois de eu ter deixado lá um comentário. Dizia assim: 1. A história da inviabilização de um eventual acordo/coligação BE/PCP para a cidade de Lisboa está mal contada; 2. O julgamento sumário das intenções de Sá Fernandes ao propôr um acordo à esquerda é um expediente ou velho truque para não avaliar ou pensar na proposta em si. Ou seja, é mais fácil ao Vítor Dias (como será para p o PCP) disparar na direcção de quem propõe do que propôr. Isto já diz muito da situação frágil em que se encontra o PCP e a candidatura de Ruben Carvalho em Lisboa (que estimo terá ainda piores resultados que a anterior).


Correcção: o post e os comentários estão lá.

14 maio 2007

"O Corpo Humano como nunca o Viu"


A exposição de um fóssil humano, de um esqueleto num contexto arqueológico, de uma múmia é sempre uma exposição sobre aquele ser-humano. O centro da investigação, o interesse vai ao encontro da vida que pertenceu àquele corpo (ou vice-versa). O seu corpo não é separável de si ao contrário da exposição que está em Lisboa onde corpos que pertenceram a pessoas (ou vice versa) são utilizados separados de si.
O corpo não é separável do espírito, como quer a Igreja. Há o espírito que opta por doar o seu corpo a ciência e ela recebe-o. E os profissionais terão de operar a cisão para bem do seu ofício. Como nós, nos afazeres vários temos de separar tantas vezes as partes do todo e deixá-las assim. Mas existe realmente algum interesse em ver corpos verdadeiros embalsamados? Corpos a que(m) foi retirada a dignidade ao serem separados de forma gratuita da vida que lhes deu razão. Sinal, muito provável, que a dignidade há-de ter sido roubada ainda em vida.

04 maio 2007

25 Abril 2007 Rua do Carmo

Quando a ordem é injusta, a desordem já é um começo de justiça
(Romain Rolland)
imagem de cravadonocarmo.wordpress.com

03 maio 2007

Eu não penso que exista um "caminho" para uma sociedade mais justa, porque não penso que "uma sociedade mais justa" seja um local onde se chega, um dia inicial inteiro e limpo onde livre habitaremos a substância do tempo. Eu desejo uma política que se encarregue de identificar as várias formas de dominação e lhe oponha outras tantas de luta e resistência. Uma política que faz do aqui e agora o seu espaço e tempo de intervenção. E aqui, como se quer, pergunto mais do que afirmo