29 junho 2007

Eduardo Pitta #2

Este crítico será um exemplo em que nem sempre a lente de classe/ideológica consegue destituir todas as áreas de pensamento. Talvez aconteça eu gostar do que ele escreve sobre livros porque a sua área de pensamento política é muito inconsistente. Se ele fosse um direitoso a sério, com uma posição bem sustentada ideologicamente, provavelmente isso inundaria todas as categorias de análise do mundo ao seu dispôr.
Dou como exemplo este texto onde diz: Basta comparar o que se passa cá, em matéria laboral, com o que se passa nas sociedades avançadas, para avaliar o anacronismo de algumas conquistas. Inclino-me muito a acreditar que é uma tentativa de repetir o que reteve vagamente de pessoas que admira. Se assim não fosse teria de dizer o que entende por sociedades avançadas (se quiser falar nos nórdicos suecos ou finlandeses não estaremos em desacordo) e afinal dizer-nos que códigos de trabalho têm eles.
A nossa anacronia é a desta falta de pudor em repetir chavões por virem da zona da mesa de refeição com que nos identificamos sem verificarmos, por um momento, da imbecilidade que reproduzimos. É bem fácil de ver, com exemplos destes amiúde, que será mais fácil encontrar a justificação para o atraso económico a que chegou o país no atavismo e anacronismo da nossa massa empresarial-da nossa burguesia (tão bem ilustrada aqui neste crítico de mesa de restaurante)- do que nas condições em vigor e em desmantelamento no código laboral. Basta, como diz Pitta, olhar para as sociedades avançadas.

21 junho 2007

Ontem, o Outro era o judeu, o sindicalista, o anarquista, o comunista, o intelectual de esquerda, o homossexual, a prostituta, o agitador profissional. Hoje, é o pensionista, o desempregado, o funcionário público, o imigrante, o beneficiário do RSI, o trabalhador (por inerência excedentário).

O exacerbar das dificuldades da nação serve para exigir disciplina, sacrifícios, a aceitação de um “downsizing” continuado de rendimentos reais, direitos, garantias e qualidade de vida.

20 junho 2007

APE 2006


Maria Gabriela Llansol vence com livro "Amigo e Amiga"
A escritora Maria Gabriela Llansol, de 76 anos, venceu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE) 2006, pela obra "Amigo e Amiga". É a segunda vez que a escritora é galardoada com este prémio.

14 junho 2007

Declaração de Voto


A política organizada em torno dos partidos encontra-nos, depois de 30 anos de democracia, tristemente incrédulos e desiludidos. Não adianta sequer chamar à equação a má qualidade dos políticos profissionais no activo. A habilitação académica do primeiro-ministro é eloquente não só da qualidade desta geração de políticos como do simulacro a que se prestam. Não adianta, porque haver gente mais competente a executar programas da mesma natureza não nos faria melhor e não adianta porque a responsabilidade do descrédito e abandono cabe a todos e a cada um de nós.
Neste contexto, da necessidade de repensar a participação política fora do contexto das máquinas partidárias oleadas e adaptadas ao sistema de representatividade e do respectivo estabelecimento de relações que faça funcionar a representação, a candidatura de José Sá Fernandes é um movimento e uma experiência interessante a seguir. Apoiada pelo Bloco de Esquerda esta candidatura é mais do que isso. Reune um conjunto de apoios que fogem aos campos eleitorais mais estanques. Como nas propostas de poder local se deveria ver. Há soluções e propostas que são transversais aos campos esquerda/direita. Apoiado pelo Bloco de Esquerda o candidato é independente. Não é porque não tenha um cartão de militante, mas porque tem uma agenda própria, uma cabeça própria. Provou nestes dois anos enquanto vereador sem pelouro que: trabalha muito e quase sempre bem e, mais importante que isso, que trabalha sem relações de representatividade a extorvar. Não há embaraços, não há rabos presos. Isso talvez explique porque o processo BragaParques, apesar de denunciado pelo PCP só tenha sido devidamente exposto pelo José Sá Fernandes (entre outras ilegalidades e zonas cinzentas).
Isto já seriam razões suficientes para ser o melhor candidato. Outras haverá a acrescentar, tem uma candidatura aberta e disponível para convergir com outras forças de esquerda (o pcp já fugiu a essa responsabilidade apesar de ter convivido bem durante muitos anos com o João Soares). Não há pessoas providenciais, nem Sá Fernandes é o Delfim da esquerda urbana na encruzilhada, nem sequer é um grande político no sentido da análise e da retórica e mesmo do mediatismo. Tem um percurso público visível (antes de ser o vereador sem pelouro na câmara de Carmona já era um homem implicado com a cidade de Lisboa e empenhado em amá-la).

07 junho 2007

Contra as Alterações do Clima e o G8

Sexta-feira, 8 de Junho de 2007
Dia Internacional de Acção Directa pela Justiça Climática
Contra as Alterações do Clima e o G8
A Humanidade enfrenta hoje o maior problema ecológico de todos os tempos. O Planeta está em risco e é urgente agir para combater as alterações do clima. Os impactos que já se manifestam são alarmantes e os cenários de futuro são assustadores: 19 dos 20 anos mais quentes registaram-se desde 1980, 1 milhão de espécies poderá extinguir-se até 2050, desertificação, escassez de água, cheias e inundações, …Se nada for feito, milhões de pessoas em todo o Mundo serão afectadas, sobretudo nos países e comunidades mais pobres: migrações forçadas, doenças, pobreza, fome…
Os países mais ricos, representados no G8, são os responsáveis históricos pela crise ambiental. E a cópia do seu modelo de desenvolvimento pelas economias ditas emergentes significa a catástrofe.
Energia e Alterações Climáticas serão os temas fortes na próxima reunião do G8, entre 6 a 8 de Junho, na Alemanha. Mas sabemos o que isto significa: os interesses dos mais ricos e seus aliados estratégicos não são os interesses das populações do Globo. O futuro de tod@s continuará a ser decidido à porta fechada por uns poucos: manter-se-á a busca do lucro fácil e imediato, o poder hegemónico das multinacionais que mercadorizam o mundo e a vida, a exploração desenfreada dos recursos colectivos e a poluição destrutiva, ….
O mercado continuará a ser a resposta de fundo à crise e ele significa duas coisas muito simples: o peso da redução das emissões poluentes será transferido para os países do Sul, sob uma nova forma de neo-colonialismo, e a redução não será rápida o suficiente para evitar consequências dramáticas sobre @s mais pobres.
Combater as alterações climáticas com justiça social significa reduzir já e radicalmente as emissões poluentes, sobretudo nos países mais ricos. Este é o apelo à justiça climática! Este é o apelo à mobilização social e acção directa contra o G8!
Dia 8 de Junho será o Dia Internacional de Acção Directa pela Justiça Climática , convocado pela Rede Internacional Rising Tide. Este é o apelo a acções autónomas, descentralizadas e criativas em várias cidades e locais do Mundo. Já estão marcadas iniciativas no Reino Unido, América do Norte, Alemanha, Canadá, Austrália e muitos outros.

06 junho 2007

8ª subida das taxas de juro desde Dez.2005

Para quem comprou casa a contar os tostões rés vés contando com emprego (minimamente seguro, mais ou menos precário) nos últimos anos pode sentir-se se não no pior dos mundos bem lá perto. 4% de aumentos em menos de 2 anos significa para muitos empréstimos aumentos em mais de 100 euros mensais. E o aumento das taxas de juro não vai ficar por aqui. Claro que, se tudo o resto não compreendesse aumentos desta natureza (combustíveis, energia, alimentação)e se os aumentos salariais acompanhassem de perto a taxa de inflação a situação só estaria habitualmente má. Mas a situação está extraordinariamente má. Peres Metelo dizia hoje na TSF que o crédito mal parado até desceu o que significa que as famílias portuguesas estão a aguentar razoavelmente os aumentos da taxa euribor. Os bancos estão a ajudar com novas condições contratuais para manter a mensalidade baixa (basicamente as novas condições implicam que estamos a amortizar muito menos às nossas dívidas e pagar mais e mais juros sobre ela...) E como as pessoas tem de viver em algum lado não há grandes hipóteses a não ser cortar no que não impeça a sobrevivência mais ou menos imediata.