22 outubro 2008

III

A rede
começou a ser tecida
com mil cuidados
usaram-se as cordas
de alaúdes
os fios de folha
de giesta
E, durante a jorna
miúda, minuciosa
foi vista a sereia
por três crianças pastoras
trazia óculos de natação
azul-bebé
e acenou-lhes
p`lo meio de mergulhos

17 outubro 2008

O Spectrum fez 4 anos

O meu blogue favorito fez quatro anos e vai fazer este sábado a primeira festa.

16 outubro 2008

II

Deram à costa
navios e barcaças
naufragados
um em que só
uma galinha se salvou
tudo, dizem
por conta do avistamento
Vieram homens do norte
aconselhar-nos a corvina
e o atum às postas
do sul também vieram
dizer-nos
que a pesca à rede
era a forma de escapar
à maldição
conquanto o animal
não sofresse mal algum.

13 outubro 2008

Para saberes que sou eu

I
Numa praia a ocidente
avistei a sereia
a cauda comprida
as escamas indigo
preparei os arpões
a lenha para o lume
e desde aí,
haja vagas ou calmaria
nem na praia nem no barco
houve mais sossego

12 outubro 2008

Chamem o Fukuyama

"Europa e EUA avançam para nacionalizações de bancos. " Público, 12/10/2008

Vitória vitória que não se acabou a história

09 outubro 2008

Nem menos nem mais direitos iguais

Amanhã é um dia histórico. Discute-se na assembleia da república a possibilidade do casamento entre pessoas do mesmo sexo. A moratória de Sócrates sobre o dever de voto na bancada socialista é obscena. Não tem outra palavra. E vem provar que os homossexuais são como qualquer outro ser, o primeiro-ministro é disso um vergonhoso exemplar. Não só sobre a sua opção em esconder para presumir uma eleição(que julgo uma presunção correcta) e mesmo a existência de uma vida política ( e sobre os efeitos nefastos de tamanha hipocrisia,não só na sua vida mas nas demais). Ainda que, no que nos diz respeito a todos, este não seja o seu pior crime. Se bem que esta ideologia dos hábitos e costumes não possa ou não deva ser separada das opções políticas, da mesma forma perniciosas, opacas, com falta de um empenho de coração, a falta total de uma ideologia. Se no plano genérico e económico é isso hoje tão facilmente reconhecido ao PS, amanhã quando os deputados deste partido votarem contra não é de outra coisa que estamos a falar. De qualquer forma não deixa de ser um dia importante para todos os homossexuais livres (e não só) deste país. Apesar de ouvir, como hoje no trabalho, que há assuntos mais importantes a tratar- como se a igualdade entre cidadãos fosse uma questão pequenina no contrato político a que estamos vinculados uns com os outros (Constituição?)- ou como se numa sociedade geradora de tantas desigualdades houvesse umas mais importantes do que outras (olha pá, n me importo que me paguemmenos que o meu colega por ser mulher porque há pessoas sem recursos para se tratarem nos hospitais públicos). As uniões de facto, ainda que consagrassem todos os direitos e garantias a que estão reservados os casamentos não seria suficiente para colocaras coisas no lugar. Porque a verdade é que as instituições sociais, como o casamento, configuram de forma simbólica o que uma sociedade tem como legitimado, e ao não legitimar, através do casamento ou da adopção, os casais do mesmo sexo, só estamos a afirmar que estes podem viver a sua vidinha desde que tuteladospor uma maioria silenciosa que norteia e normaliza empurrando para a sombra quem da sombra quer sair. Será preciso lembrar que não podemos viver em liberdade quando há pessoas na sombra

06 outubro 2008

Por um Museu da Liberdade


Foi pintado ontem na António Maria Cardoso. Um ensaio de um mural que deviamos ter nesse rua frente ao novo condomínio de luxo construído onde funcionou a sede da PIDE/DGS, já que o esperado Museu da Resistência e Liberdade terá de se constituir noutro lugar. Juntei às ligações o link para o movimento cívico Não Apaguem a Memória.

04 outubro 2008

O líder das cabeça de martelo


Hoje, como vivemos numa sociedade bem diferente do que preconiza e defende gente não só igual mas próxima do PNR e demais gorgulho branco, Mário Machdo foi condenado apenas a 4 anos de prisão efectiva. Apenas porque o nosso sistema penal, e bem, assenta no princípio de que ao cidadão deve ser dada a oportunidade de errar ou não de novo. E de que uma pena de prisão não deve destruir a vida inteira de um individuo ainda que este possa ter destruido a de muitos. Porque uma condenação não funciona como uma remissão integral dos pecados. Se fosse Mário Machado e seus acólitos bem podiam apodrecer na prisão. Mas ainda bem que não vão. Porque a sociedade que queremos é não autoritária. Na sociedade que Mário Machado idealiza o seu destino mais certo seria acabar com um tiro na cabeça (bala cobrada depois à sua esposa, se ela não a tivesse facultado do arsenal caseiro). Na nossa, daqui a uns tempos vem cá para fora, vai às tardes da Júlia, vende umas reportagens para a revista Sábado ou/e jornal Sol e volta a apanhar mais 4 anos depois de ser apanhado em flagrante a destuir campas judias ou a partir uma loja na mouraria.