18 agosto 2013

Jornalismo histórico

Luís Almeida Martins assina um artigo que faz a capa da Revista Visão nº1066, Marquês de Pombal o Homem que resgatou Portugal. Contornando outro paradoxo que é a escolha das capas da Revista Visão chegamos a este que é o facto do autor ser o editor da Visão História, e aparentemente, ser formado na disciplina apesar de ter dedicado desde os anos 70 ano jornalismo (currículo aqui). As sete páginas dedicadas ao Marquês de Pombal, para além de se situarem no campo de conhecimentos mais rudimentar do que aquele a que são sujeitos alunos do ensino básico, para além do mau gosto da pena e da visão telenovelesca e redutora das personagens e contextos históricos, contém incorreções várias (o padre Malagrida não foi queimado vivo) e omissões grosseiras (não refere que o padre Malagrida foi a última vítima do Tribunal do Santo Ofício), o Marquês não se tornou um pioneiro dos estudos em sismos por ter feito um questionário à população de Lisboa, o Marquês ordenou um questionário a todas as paróquias do país. Este tipo de pormenores, facilidades, revela uma falta de cuidado e respeito pelos leitores da revista. Revela também uma falta de "visão" sobre o que é divulgação científica, neste caso, em história do país. A revista que empresta rigor e critérios na sua investigação jornalística, caso do recente trabalho de Paulo Pena, devia igualmente exigir noutras áreas, nomeadamente também quando se encomenda uma notícia sobre Amadeo de Sousa Cardoso a propósito da exposição na Gulbenkian. Quando não se conhece o tema para quê inventar? Mais vale dar espaço às palavras de quem conhece e fazê-lo bem, o que já não é pouco na imprensa das artes.

Adenda: Luis Almeida Martins respondeu `a reclamação dizendo que se pretendia um artigo de verão com uma leitura "amena". E que foi responsável por muita divulgação em História, enquanto editor de História da revista Visão e enquanto director da ex-Revista História. Saudei a sua iniciativa mas disse-lhe que invenção e alteração de factos não são sinónimo de leitura amena e que comprometem a leitura do texto completo. Não houve resposta.

12 agosto 2013

Crítica da Crítica - O bom governo de Portugal

Uma das coisas eticamente mais condenáveis é a calúnia, ainda por cima se gratuita. O governo de Portugal tem sido injustamente caluniado e vilependiado na praça pública, sendo apelidado, a maior parte das vezes, de incompetente. Os críticos mais moderados elevam pensamentos de sublime compreensão, quase um “Pai, perdoai-lhes, não sabem o que fazem!” Outros, talvez mais arrivistas, pedem a cabeça do Presidente da República, do Primeiro-Ministro e de outros membros do Governo. Também corre por aí à boca cheia que este governo não passa de um bando de garotos incompetentes com um senhor já de cabelos brancos à mistura, senhor esse que, apesar da idade que aparenta, ainda não passou as crises próprias da adolescência. Devem referir-se ao ilustre Ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, o qual destoa bastante no meio da garotada. O texto que se segue tem por objectivo por fim à calúnia e ao insulto injustos, demonstrando a elevada competência e a sublime inteligência do bom governo de Portugal.